Quantum Bird. Nota breve sobre a histeria estadunidense sobre o balão Chinês. Saker Latam, 07 de fevereiro de 2023

 

Nota breve sobre a histeria estadunidense sobre o balão Chinês

Quantum Bird – 7 de fevereiro de 2023

Como nossos caríssimos leitores já devem saber, durante a semana passada um balão estratosférico de origem chinesa passeou sobre os EUA e partes do Canadá por alguns dias, até ser abatido sobre o Oceano Atlântico no dia 4 por um míssil lançado por um caça F22 estadunidense.

As autoridades chinesas esclareceram desde o inicio que se tratava de um balão meteorológico, de uso civil, mas isto não evitou que a histeria se instalasse do lado norte-americano, com supostos profissionais de mídia e seus “comentaristas” militares cogitando sem qualquer evidência tratar-se de um artefato militar, que poderia ser desde um aparato de espionagem a um portador de bombas nucleares. As autoridades “competentes” do lado norte-americano discutiram o que fazer durante dias, suspenderam o trafego aéreo em algumas áreas e hiperventilaram disparates dos mais insanos, até que no nível mais elevado, a presidência, foi decidido abater o balão.

Ecos dos voos do U-2 sobre a URSS perpassam a minha mente, mas essa historia é bem conhecida e não desejo desviar-me dos pontos que gostaria de fazer.

Enfim,

  1. Balões meteorológicos (ou de espionagem) são “satélites de pobre”, por assim dizer. São extremamente baratos, mas limitados em funcionalidade e tempo de vida – uma hora o balão estoura. Ademais, geralmente são privados de qualquer dirigibilidade. São aparelhos ainda uteis para conduzir pesquisas climáticas e/ou para monitorar a radioatividade na estratosfera, sendo que o seu principal atrativo permanece o baixo custo.
  2. Esse tipo de balão pode ser usado para fins de espionagem, mas devemos neste caso lembrar que a China dispõe de uma constelação vasta e sofisticada de satélites civis e militares. Não parece razoável imaginar que os chineses precisem – em 2023 – recorrer a balões estratosféricos para fazer reconhecimento do território dos EUA.
  3. Vamos supor que de fato se tratasse de um aparato de espionagem. Foi abatido sobre o Atlântico, na iminência de deixar o espaço aéreo dos EUA. Ou seja, quando já teria espionado e transmitido tudo que fosse de interesse.
  4. Esses balões possuem um custo irrisório comparado, por exemplo, ao custo do míssil que foi usado para abatê-lo e ao tempo de operação do F22 usado para o serviço. O que prova um ponto que é sempre estressado em nossa comunidade por diversos autores conectados com temas militares: os EUA não possuem defesa aérea territorial funcional. Ponto. Demonstraram serem incapazes de analisar o objeto, e caso necessário, abatê-lo em tempo hábil. Nem vou mencionar contramedidas eletrônicas, lasers etc.
  5. O sobrevoo do balão foi usado como desculpa para adiar a visita de Blinken, Secretário de Estado dos EUA (sic!), à China. Demonstração cabal do quão baixo a estatura diplomática ianque chegou. Ou do quão baixo eles estão dispostos a chegar em seu trato com a China.


Temo que, intencionalmente ou não, os chineses tenham indicado o caminho para derrotar os EUA sem o uso de bombas atômicas ou armas de qualquer tipo. Basta lançar balões sobre os EUA. Ah, sempre com objetos exóticos pendurados – pessoalmente, já sei qual objeto escolheria, mas pelo decoro, vou manter minha indicação para mim mesmo.

Fonte: https://sakerlatam.org/nota-breve-sobre-a-histeria-estadunidense-sobre-o-balao-chines/

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