O que devemos aprender com a Karol...

Por Cristiane Mare da Silva e Paulino Cardoso
Gostaríamos que nós brasileiros aproveitássemos as situações limites do cotidiano, não como momento para o exercício da vingança e da demonização de indivíduos e organizações.
Uma atitude compreensiva, que trás dentro de si a compaixão e o perdão, nos lançaria na reflexão acerca da complexidade das relações raciais no Brasil e nas respostas a violência do dia a dia.
Sejamos claros, a cultura da lacração, a estética do tombamento e manipulação das redes sociais, desligou o movimento de mulheres, em especial de mulheres negras, das suas raízes emancipatórias e revolucionárias e as colocou nos braços do Imperialismo humanitário estadunidense e europeu.
Trata-se de uma arma que desvia o debate público das necessárias mudanças estruturais que o país precisa, para nos convertermos, via identidade, numa infinidade de povos em guerra de todos contra todos, na qual, escolhido o adversário, ele é racializado e submetido ao direito do inimigo. Contra ele, tornado símbolo da causa, tudo é permitido, incluído a chantagem, intimidação, mentira e extorsão. Puritano desde a origem, transformam pessoas em vítimas e vilões,lançando mão de imagens racistas e sexistas na defesa de suas teses.
Resgatar as raízes emancipatórias do feminismo de uma Alexandra Kollontai, Rosa Luxemburgo ou Lélia Gonzalez, implica em deixar de lado as políticas de representação, profundamente liberais, acomodaticias e individualistas, e voltar a colocar na pauta a transformação radical da sociedade. Mais do que manipulação de recebimento e apelos a mais e mais prisões, do qual não nos deixa diferentes do protofascismo bolsonarista, com seu punitivismo moralista, precisamos romper com a raça como o molde a partir da qual as relações sociais são exercidas no Brasil, na qual toda a violência e desigualdades são justificadas.
Desculpem-nos, não estamos mais nos anos de 1990, onde um capitalismo triunfante declarava o fim da história e a inexistência de um outro modo de vida.
Nós reafirmamos, das ruas de Seatle, Catalunha, Cisjordânia, Paris, Porto Alegre ou Johanesburgo, que um outro mundo é possível, na qual reine a paz, justiça e igualdade.  

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