Embaixador do Irã ao Paquistão quer construir o “Anel Dourado”

Prof. Lejeune MIrhan lejeunemgxc@uol.com.br

06:28 (há 2 horas)
para gtarabepalestinaja

“Os processos de integração da Eurásia conduzido pela Iniciativa Cinturão e Estrada (ing. Belt and Road Iniciativa, BRI) são um dos traços que definem todas as Relações Internacionais contemporâneas, e o Anel Dourado (ing. Golden Ring) pode vir a ser a pedra basilar desses esforços, se as propostas do embaixador Hosseini, de um Corredor Econômico China-Paquistão-Ocidente plus (ing. W-CPEC+) forem aceitas, especialmente se o processo for impulsionado em paralelo com o Corredor Econômico China-Paquistão-Norte plus (ing. N-CPEC+)”.
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O embaixador do Irã ao Paquistão expôs seus planos visionários para o que chamou de (ing.) “CPEC+” (port., para referência, em tradução literal, “Corredor Econômico China Paquistão e outros”), nova sigla que vai-se popularizando atualmente no Paquistão, para designar a extensão do Corredor Econômico China-Paquistão  para diferentes eixos geográficos, como o eixo norte (ing. N-CPEC+), o eixo ocidental (ing. W-CPEC+) e o eixo sul (S-CPEC+).

A agência turca de notícias Anadolou Agency  comentou a conferência do embaixador Said Mohammad Ali Hosseini no Instituto de Estudos Estratégicos (ing. Islamabad Strategic Studies InstituteISSI) no início dessa semana, conferência que merece ser analisada mais profundamente.

Segundo o embaixador Hosseini,

“O estabelecimento de rede ferroviária entre Gwadar e Chabahar e sua conexão até a Europa e a Ásia Central através do Irã abrirão caminho para forte desenvolvimento econômico na região. Por outro lado, a construção de rotas ferroviárias em território paquistanês para a China, conectando os dois portos, também abrirá caminho para o desenvolvimento econômico nessa região.”

Na prática, afirma-se a via sobre a qual já escrevemos em abril passado nessa Análise CGTN, em artigo intitulado “CPEC+ é a chave para alcançar metas de integração regional” (ing. “CPEC+ is the key to achieving regional integration goals”.

Naquele artigo, escrevemos que

“Na recente visita do primeiro-ministro (Imran) Khan do Paquistão ao Irã, viram-se os dois países vizinhos acertando detalhes para aprofundar a cooperação entre eles, cooperação que deve evoluir até uma rota comercial terrestre W-CPEC+ que pode vir a cruzar a República Islâmica até os parceiros de Islamabad e Pequim na Turquia, e que corresponde a um corredor marítimo paralelo que conecte Gwadar, ponto terminal do CPEC, aos Reinos do Golfo.”

Isso, exatamente foi o que o embaixador Hosseini propôs durante a conferência que fez no ISSI (exceto a referência aos Reinos do Golfo), e que pode revolucionar o papel geoestratégico do Irã na emergente Ordem Mundial Multipolar e, consequentemente, pode fazer do Irã um dos países mais importantes da Iniciativa Cinturão & Estrada, se vier a ser implementada com sucesso ao longo do tempo. E pode ter significativas implicações econômicas, e também significativas implicações políticas.

O embaixador, segundo a Agência Anadolou, disse também que

“Países como Irã, Paquistão, Turquia, Rússia e China têm potencial para constituir uma nova aliança para melhor futuro da região”.

Embora China e Rússia evitem o termo “aliança” para descrever relações próximas que mantenham com outros países, a intenção do embaixador é bem clara, como um chamamento para que se fortaleçam relações de parceria estratégica entre esses cindo países. E uma aliança começa a ser possibilidade realista entre China, Paquistão, Irã e Turquia, se se completar o corredor ocidental W-CPEC+.

Quanto à Rússia, também pode ser trazida para bordo dessa ambiciosa proposta de conectividade, se o W-CPEC+ for expandido para incluir o país via o Azerbaijão, segundo a via proposta pelo Corredor de Transporte Norte-Sul (ing. North-South Transport Corridor, NSTC) que Irã e Índia tentam construir. Além do mais, com um pioneiro corredor comercial Rússia-Paquistão através do Afeganistão pós-guerra e Ásia Central (N-CPEC+) pode contribuir grandemente para fazer de Moscou acionais maior nesse quinteto estratégico CPEC-cêntrico  que já foi chamado de “Anel Dourado“.

Os processos de integração da Eurásia conduzido pela Iniciativa Cinturão e Estrada (ing. Belt and Road Iniciativa, BRI) são um dos traços que definem todas as Relações Internacionais contemporâneas, e o Anel Dourado (ing. Golden Ring) pode vir a ser a pedra basilar desses esforços, se as propostas do embaixador Hosseini, de um Corredor Econômico China-Paquistão-Ocidente plus (ing. W-CPEC+) forem aceitas, especialmente se o processo for impulsionado em paralelo com o Corredor Econômico China-Paquistão-Norte plus (ing. N-CPEC+).

Os cinco estados-âncora dessa visão de conectividade construída podem ser conectados uns aos outros e internamente (Afeganistão, Azerbaijão e as Repúblicas Centro-asiáticas) por muitas ferrovias e outros tipos de corredores de transporte construídos pela China.

Por esses meios, a China estaria operando como o motor da integração eurasiana e amarrando todos os países envolvidos, aproximando-os entre eles ainda mais, numa Comunidade de Destino Partilhado. A complexa interdependência que pode emergir como resultado dessa visão, tornaria cada uma das partes acionistas maiores dos sucessos recíprocos entre todos, com a construção de megaprojetos multilaterais que podem vir a dar oportunidades econômicas sem precedentes a todos os cidadãos aí ativos. O Anel Dourado centrado no Corredor Econômico China-Paquistão estaria assim fortalecendo a estabilidade na estratégica Terra Central da Eurásia.**

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