“Defender a liderança centralizada e unificada do Partido Comunista Chinês”
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“Defender a liderança centralizada e unificada do
Partido Comunista Chinês”(Xi Jinping 19º Congresso do Partido Comunista Chinês)4/11/2019, Luciana Bohne, dica de Pepe Escobar, in Facebook ‘Pacote Guedes’ contém proposta escandalosamente inconstitucional5/11/2019, Reinaldo Azevedo, UOL
“Ao longo dos últimos cinco anos, atuamos com coragem para enfrentar grandes riscos e testes que se impõem diante do Partido, e para encaminhar solução aos principais problemas dentro do próprio Partido. (...) A têmpera revolucionária tornou mais forte o nosso Partido, que hoje irradia grande vitalidade. Com isso, esforços para desenvolver a causa do Partido e do país ganharam forte ímpeto político.”
“Secure a Decisive Victory in Building a Moderately Prosperous Society in All Respects and Strive for the Great Success of Socialism with Chinese Characteristics for a New Era”. Presidente Xi Jinping, ao 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, 18/10/2017, Xinhua, trecho aqui traduzido. ______________________________ No 19º Congresso do Partido Comunista Chinês (18/10/2017), o presidente Xi reiterou, como imperativa, a exigência de “defender a liderança centralizada e unificada do Partido Comunista Chinês.” Por que Xi insiste nesse ponto como item #1 na agenda do Partido? Façamos uma comparação. Em 1956, Kruchev denunciou Stalin como “ditador”, que usaria o Partido como uma espécie de igreja para cerimônia do “culto à sua personalidade”. Nonsense, claro, como Mao diria formalmente em 1963, mas soou como música aos ouvidos das potências capitalistas lideradas pelos EUA. Kruchev então decidiu liberalizar o “partido stalinista” – o que soou como ainda mais música aos ouvidos do “Ocidente Livre” capitalista. Disse que a luta de classes estaria acabada na URSS e que já não haveria inimigos de classe... e que, assim sendo, todos poderiam unir-se ao Partido. E uniram-se: todos os oportunistas, todos os gananciosos e corruptos uniram-se. Até pelo menos 1989, o Partido viveu abarrotado de agentes da economia-das-sombras – gerentes de fábricas, minas, indústrias de todo tipo os quais, ao longo de três décadas, haviam acumulado riqueza privada jamais declarada, resultado da mais ativa sangria, como sanguessugas da riqueza pública. O Partido fora convertido em clube de “empreendedores” (ladrões), cuja único interesse– em matéria de investir seus mal havidos recursos acumulados – era restaurar o capitalismo. O dano causado ao Partido foi muito maior e mais profundo do que eu conseguiria resumir num postado, mas podemos começar por aqui. O Partido foi infiltrado por oportunistas gananciosos da pior laia. E assim morreram a integridade, a autoridade, a habilidade do Partido, para planejar a economia – como a sabedoria e os princípios do marxismo leninista científico ensinaram a fazer. Já há muito tempo EUA e CIA haviam-se dado conta de que, se conseguissem atacar e desmontar a integridade do Partido, a URSS colapsaria. Assim fizeram. E a URSS colapsou. Hoje, o Partido Comunista Chinês não tem qualquer intenção de deixar que a China colapse e caia outra vez nas garras ávidas do imperialismo ocidental, que hoje tenta impor à China a luta de classes capitalista imperialista. Exatamente por isso, a China jamais, em tempo algum, nunca, declarará, na China, o fim da luta de classes. A Constituição chinesa declara que a China continuará a ser sociedade de classes ainda por muito tempo. Não só porque a nação depende, para gerar riqueza, de uma burguesia nacional leal e anti-imperialista, mas também porque a China é ameaçada pelo imperialismo – mais uma luta de classes que Kruchev ignorou, clamando por “coexistência pacífica” com o imperialismo, ‘porque’ a URSS e os imperialistas partilhariam, supostamente, o mesmo objetivo de paz, à sombra do cogumelo nuclear. Aquele foi o grande canalha, que destruiu o poder do Partido Comunista e pavimentou a via para a restauração do capitalismo. Aí está a diferença entre a União Soviética pós-1956 e a China. Mao não foi varrido para fora do Partido e condenado às profundezas do inferno, como Stálin. Quaisquer que tenham sido seus erros, foi tratado como camarada, não como inimigo; sua contribuição foi reconhecida, e também seus erros – sorte que Stalin não teve. Além disso, a contribuição revolucionária de Mao para a fundação e a longevidade da República Popular da China está para sempre consagrada na memória do Partido. Sua efígie está na moeda. É amado e respeitado. O Partido não foi sacrificado, expurgado nem dividido, resultado de o ‘fator Mao’ ter sido tratado como questão de lealdade à nação e ao povo. Por fim, ao reconhecer a contribuição da burguesia leal a uma China autossuficiente e independente, o Partido Comunista Chinês reconhece e assume que a China ainda é sociedade de classes. Para a China, nada de ‘economia fantasma’ operante nas sombras. O setor privado existe e é regulado (recentemente já começa a ser gradualmente comprado pelo Estado). Chance zero para que gangues de oportunistas acumulem cada vez mais riqueza que o estado e, assim, alcancem os meios para derrubar o estado e promover mudança de regime. Essa é a razão pela qual Xi exige especificamente um Partido comunista forte, centralizado, íntegro e sem corrupção. O Partido é a garantia de que continue aberta a trilha para o socialismo e, eventualmente, para o comunismo, na China. Se o Partido desaparece, desaparece a China soberana livre de todos os imperialismos. E nessa sua determinação de fazer do Partido Comunista Chinês o pilar de sustentação do progresso social e econômico da China para todo o povo, Xi age como leninista. O Partido é pelo povo e o povo é pelo Partido. São uma só entidade. Sem Partido revolucionário e sem teoria revolucionária (na China “científica e marxista”), a revolução morreria. Como morreu na União Soviética, a partir do gambito de Kruchev. Isso seria “autoritarismo” para o Ocidente, por mais que o ocidente seja governado por gangues de elites econômicas autoritárias que tomam todas as decisões, sempre com vistas exclusivamente ao próprio interesse. Mas o ocidente chama, a esse seu autoritarismo, “democracia”. Na China, pelo menos, se trata de “autoritarismo” a favor do povo, não contra – o que, em todos os casos, reconheçamos, já é mais próximo de alguma democracia.******* |
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