Golpe EUA-no-Iraque, pode enfraquecer ainda mais o país 6/10/2019, Moon of Alabama

{Debate Internacionalista} Golpe EUA-no-Iraque, pode enfraquecer ainda mais o país

Prof. Lejeune MIrhan lejeunemgxc@uol.com.br

08:55 (há 1 hora)
para gtarabepalestinaja


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Neogolpe mundial: O Império contra-ataca por todos os lados
24/9/2019, Tom Luongo, (ing.) 
Goat, Gold ‘n Guns traduzido em bbacurau.blospot

Os 
atuais tumultos no Iraque começaram uma semana depois que um importante general foi removido de seu posto:
O general-tenente Abdul Wahab al-Saadi era o grande herói militar do Iraque da guerra contra o ISIS, comandante do assalto a Mosul que recapturou a capital de facto do ISIS depois de um sítio de nove meses em 2017.

Mas no fim de semana foi repentinamente removido, pelo primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, do posto de comandante da tropa de choque do Serviço de Contraterrorismo [ing. Counter Terrorism Service (CTS), formação de elite das forças armadas do Iraque. Foi transferido para um ‘não posto’, na avaliação do próprio general, no Ministério da Defesa.

Saadi recusou-se a aceitar o movimento contra ele, e falou da transferência como “insulto” e “punição”. O efetivo rebaixamento do general provocou uma onda de apoio popular ao general considerado o mais respeitado do Iraque, nas ruas e nas mídias sociais.

O Serviço de Contraterrorismo é uma força que frequentemente coopera com militares dos EUA. Abdul Wahab al-Saadi foi treinado nos EUA. É suspeito de ser o cabeça de uma hoje iminente derrubada do governo.

Há meses circulam boatos de que os EUA instigavam um golpe no Iraque:

Republic of Sumer @Sumer_Iraq – 
14:30 UTC · Oct 4, 2019
Há mais de dois meses, Qays Khaz’ali disse:
Há planos para mudar o governo em Bagdá em novembro, depois de protestos que começam em outubro. Protestos não espontâneos, mas organizados por facções no Iraque. Escrevam o q estou dizendo.

Qays Khaz’ali é líder de grupos xiitas, que há 12 anos lutaram contra os invasores norte-americanos e britânicos.

Sharmine Narwani @snarwani – 
00:34 UTC · Oct 5, 2019
O jornal Al Akhbar diz que o governo do Iraque soube, há três meses, de um golpe apoiado pelos EUA, conduzido por oficiais das FFAA, a ser acompanhado por ação nas ruas. Alguém ainda duvida do que são os atuais tumultos no Iraque?

Ao longo dos últimos cinco dias, houve protestos em todo o sul do Iraque, onde a maioria da população é xiita. Os protestos escalaram em poucos dias, com tiroteios e mais de cem mortos. Em várias cidades, funcionários do partido e do governo foram queimados e vários grupos apressam-se a reivindicar um posto no movimento “sem líderes”.

Há razões legítimas para protestar. A maioria da população iraquiana tem menos de 20 anos. O povo tem mínima chance de encontrar emprego. O estado é fraco e muitos agentes do estado são corruptos. Serviços cuja prestação é dever do estado, não existem. Eletricidade e água são racionados.

Mas essas não são as razões pelas quais os tumultos imediatamente tornaram-se violentos:

Liz Sly @LizSly – 
22:19 UTC · Oct 4, 2019
Muitos manifestantes iraquianos têm reclamado de atiradores escondidos nos telhados, que atiram contra as pessoas na rua, e é possível que estejam atirando contra os dois lados, manifestantes e forças de segurança.
[cita] “Reporting Iraq” @TFPOI · Oct 4
Manifestantes confirmaram que há atiradores escondidos nos prédios, atirando contra manifestantes que se aproximam da Praça Tahrir.
Um jovem for morto por tiro desses atiradores. Há fotos que confirmam isso.
#iraq #baghdad #save_the_iraqi_people

No golpe de 2014 dos EUA contra a Ucrânia, foi usado o mesmo método para incendiar o país.

Al Sura @AlSuraEnglish – 
15:36 UTC · Oct 5, 2019
#EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA – Forças Especiais iraquianas iniciaram missão de buscar e destruir atiradores desconhecidos que já mataram pelo menos 4 manifestantes na capital Bagdá.

Os atiradores clandestinos não são o único sinal de que os protestos não são genuínos:

Marc Owen Jones @marcowenjones - 
5:59 UTC · Oct 4, 2019
[#Thread] 1/ Agora, do Iraque. Alguns mencionaram atividade suspeita no Twitter e examinei algumas hashtags. Uma, especialmente, começa com “Mostre que você apoia o direito do povo do Iraque de se manifestar pacificamente”. Tenho praticamente certeza de que é campanha de manipulação e influência[...]

4/ Primeiro, como se pode ver no gráfico abaixo, as hashtags começaram a subir de repente, às 15h30, dia 2 de outubro. Mas uma das primeiras contas a postar a hashtag foi (imagem) @AlshiblyRamy – que mostra muitas fotos de bandeiras iraquianas e sauditas...

5/ O indício mais visível de atividade não orgânica são muitas contas criadas em curto período de tempo. Das cerca de 6.500 contas na amostra, 1.118 foram criadas em apenas 3 dias – 1, 2 e 3 de outubro. Não é normal: cerca de 17% da amostra! #Iraq

Os protestos são parte do conflito entre os EUA e seus procuradores sauditas, e o Irã.

O objetivo imediato é derrubar o governo do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi que 
tentou manter-se neutro no conflito entre EUA/Israel/Arábia Saudita e Irã:

As recentes decisões de Abdel Mahdi tornaram-no extremamente impopular com os EUA. Declarou Israel responsável pela destruição dos cinco armazéns das forças de segurança iraquianas, Hashd al-Shaabi, e pela morte de um comandante na fronteira entre o Iraque e a Síria. Mahdi abriu a travessia em al-Qaem entre o Iraque e a Síria para desagrado da embaixada dos EUA em Bagdá, cujos oficiais expressaram seu desconforto às autoridades iraquianas. Também foi quem expressou vontade de comprar o S-400 e outros equipamentos militares da Rússia. Abdel Mahdi concordou com a China, no movimento de construir infraestrutura essencial em troca de petróleo, e concedeu contrato de US$ 284 milhões em eletricidade a uma empresa alemã, não a empresa norte-americana. O primeiro-ministro iraquiano recusou-se a obedecer as sanções dos EUA e continua a comprar eletricidade do Irã e a permitir a troca de comércio que gera grandes quantidades de moeda estrangeira e impulsiona a economia iraniana. Por último, Abdel Mahdi rejeitou o “Acordo do Século” proposto pelos EUA: está tentando uma mediação entre o Irã e a Arábia Saudita e, portanto, mostra sua intenção de manter-se afastado dos objetivos e políticas norte-americanas no Oriente Médio.

Os violentos protestos no Iraque são parte de guerra maior não declarada contra o Irã.

Recente 
tentativa de matar o general-major Qassem Soleiman, líder da força Quds do Irã, também é parte disso:

Os suspeitos tentaram assassinar Soleimani durante as comemorações religiosas do Ashoura nos dias 9 e 10 de outubro, segundo Taeb.

Tentaram comprar uma propriedade em área próxima de uma mesquita construída pelo pai de Soleimani na cidade de Kerman, cavaram um túnel por baixo do local e encheram a cova com “entre 350 e 500 quilogramas de explosivos” – disse ele.

O grupo havia planejado “explodir tudo”, logo que Soleimani entrasse na mesquita para as cerimônias xiitas de luto.

Taeb disse que os suspeitos “foram para um país vizinho” e “gastaram-se grandes somas de dinheiro para treiná-los e prepará-los” para levar a cabo o atentado.

As novas 
sanções dos EUA contra bancos libaneses que supostamente apoiariam o Hizbullah também são parte do esforço de EUA/Israel/Arábia Saudita para sufocar o Irã e seus representantes/procuradores:

O governo Trump intensificou, para níveis sem precedentes, as sanções contra o grupo militante libanês e instituições ligadas a ele, atingindo pela primeira vez políticos eleitos e um banco local que Washington diz que teria relações com o grupo.

Dois funcionários dos EUA visitaram Beirute em setembro e alertaram que as sanções aumentarão, para privar o Hezbollah de suas fontes de renda. O push está agravando ainda mais a já severa crise financeira e econômica, com funcionários libaneses insistindo que a economia do país em geral e o setor dos bancos não conseguirá supor a pressão.

“Recentemente, temos tomado ainda mais medidas contra o Hezbollah, do que em toda a história do nosso programa de contraterrorismo” – disse mês passado, nos Emirados Árabes Unidos, Sigal P. Mandelker, subsecretária para inteligência financeira e de terrorismo no Tesouro dos EUA.

Mandelker, nascida e criada em Israel e que 
promove interesses sionistas, recentemente anunciou que deixará o governo. Pode ser sinal de que a pressão política contra o Irã e outros países passará por mudanças.

Esfandyar Batmanghelidj @yarbatman – 
18:06 UTC · Oct 2, 2019
Esqueçam John Bolton, [Mandelker] pode ser a mudança significativa no próprio pessoal, se Trump quer reiniciar a diplomacia com Irã, e pôr fim à “pressão máxima”. Mandelker é considerada funcionária irracional e dogmática, por funcionários que participam de negociações políticas em todo o mundo.

Mas por enquanto os tumultos no Iraque provavelmente escalarão.

Hiwa Osman @Hiwaosman – 
21:16 UTC · Oct 5, 2019
Atiradores com rosto coberto por balaclavas atacaram escritórios das seguintes estações de TV em Bagdá: DijlaNRTArabiyaArabiya HadathFalloujaAlghad AlarabyAl-Sharqiya e Skynew Arabia. Saquearam os escritórios, destruíram equipamentos e instalações. #IraqProtests

Uma das 
demandas dos manifestantes é que o governo renuncie; outra, é que a lei eleitoral seja reformada para eliminar grandes blocos partidários no Parlamento. Duas demandas que enfraquecerão ainda mais o país.*******

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