Dennis de Oliveira :Reitora da Unilab é a nova minitra da SEPPIR

Reitora da Unilab é a nova ministra da Seppir

Por Dennis de Oliveiradezembro 24, 2014 12:23
Reitora da Unilab é a nova ministra da Seppir
Professora Nilma Lino é especialista na área de educação e relacões étnico-raciais
Professora Nilma Lino é especialista na área de educação e relacões étnico-raciais
A presidenta eleita Dilma Roussef indicou a professora Nilma Lino Gomes, reitora da Unilab, para ser a nova ministra da Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Nilma Lino é pedagoga formada pela UFMG, doutora em antropologia pela USP com tese orientada pelo prof. Kabengele Munanga e autora de diversos trabalhos e obras sobre educação e relações étnico-raciais. Foi a primeira mulher negra a ser reitora de uma universidade federal, a Unilab. Ela não é filiada a nenhum partido político.
Antes da sua indicação, circulavam vários nomes mais ligados aos partidos da base: o vereador Netinho de Paula (PC do B/SP), a ex-deputada Janette Pietá (PT/SP), Gog Rep Nacional (liderança do movimento hip-hop) e mesmo a permanência da atual ministra Luiza Bairros. Os nomes circulavam a partir dos militantes de movimentos negros ligados a PT e PC do B.
A boa análise do colega Renato Rovai sobre o novo ministério de Dilma Roussef (clique aqui para ler) ajuda a entender o porquê desta indicação. O movimento negro ligado a estes partidos não foi bem nestas eleições. No campo do PC do B, apesar da vitória de Orlando Silva em São Paulo, cuja votação transcende a base do movimento anti-racista pois também foi apoiado pelo setor da juventude e movimento estudantil (Orlando foi presidente da UNE), além dele ser um dirigente do partido; houve a derrota da candidatura de Netinho de Paula e uma queda expressiva na votação da deputada estadual Leci Brandão (teve uma redução de 15 mil votos entre 2010 e 2014). Na Bahia, uma das maiores lideranças negras do partido, Olivia Santana, também não foi eleita e foi indicada para a Secretaria Estadual da Mulher. No campo do PT, também houve derrotas. Janete Pietá não foi eleita, assim como Luiz Alberto, na Bahia.
Como Dilma está montando o seu ministério pensando na governabilidade e isso passa pela força no Congresso Nacional, entende-se o porquê de ter preterido as indicações dos grupos internos dos partidos da base que mais estão presentes no movimento negro. Optou então por um nome que tem um simbolismo (a primeira mulher negra reitora de uma universidade federal), não vinculada aos partidos e aos movimentos sociais negros tradicionais e uma intelectual com um curriculo de qualidade. A partir disto, a nova ministra pode agir como uma mediadora das demandas que virão destes grupos, principalmente a partir da CNPIR (Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial), cuja composição foi montada com base nestas forças políticas e empossado em dezembro.
Já de há algum tempo que a SEPPIR, assim como outros espaços institucionais específicos do trato da questão racial, tem se transformado em um lugar de negociações de projetos pontuais das organizações. O que tem acontecido é que os ocupantes dos cargos privilegiam o diálogo com as organizações do seu campo e preterem outras. E nestes diálogos estão incluídos o financiamento de projetos das organizações. Por esta razão, debates de ordem macros que poderiam fluir a partir das conferências temáticas são colocados em segundo plano, inclusive os Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de combate ao racismo sequer são monitorados pelos conselhos, quando estes existem.
A nova ministra tem um curriculo ligado à educação. Isto pode ser um indicador de que as políticas de igualdade racial privilegiarão este campo (o que, na opinião deste humilde blogueiro, pode ser uma limitação). Ou que o seu perfil acadêmico pode sinalizar para uma preferência de diálogo com as organizações negras das universidades (Neab’s, ABPN, etc), o que também será algo limitado. Mas também que a sua indicação de intelectual e com experiência na gestão de uma instituição pública pode apontar para uma mediadora da diversidade que é o movimento negro. Enfim, o tempo dirá.

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