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Essa conversa não é sobre você « Tâmara Freire

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Essa conversa não é sobre você Querido estudante branco, de classe média, que faz cursinho pré-vestibular particular: eu sei que é difícil quando alguém nos faz enxergar nossos próprios privilégios, mas deixa eu tentar mais uma vez. Eu (e mais uma penca de gente, me arrisco a dizer) não me importo com o quão “difícil” será para você entrar naquele curso de medicina mega concorrido com o qual você sonha, porque, simplesmente, esta conversa não é sobre você. Eu sei que praticamente todas as conversas deste mundo são sobre você e você está acostumado com isso, então deve ser um baque não ser o centro das atenções. Mas, seja forte! É verdade: nós não estamos falando sobre você. Quando você chora pelo sonho que agora parece mais distante de se realizar, suas lágrimas não me comovem. Porque o que me comove são as lágrimas daqueles que nascem e crescem sem qualquer perspectiva para alimentar o mesmo sonho que você. É sobre essas pessoas que estamos falando e não sobre você. Quando você e...

Altamiro Borges: Cotas e o preconceito dos bonzinhos

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Cotas e o preconceito dos bonzinhos Por Paulo Moreira Leite, na coluna  Vamos combinar : A forma mais hipócrita de combater toda política pública de acesso dos brasileiros pobres às universidades consiste em dizer que os jovens de origem humilde não irão sentir-se bem em companhia de garotos de famílias abastadas, que puderam chegar lá sem auxílio de medidas do governo. Por esse motivo, segue o raciocínio, iniciativas como cotas, pró-Uni e outras, iriam prejudicar até psicologicamente aqueles alunos que pretendem beneficiar, pois estes cidadãos se sentiriam diminuídos e inferiorizados ao lado de colegas cujas famílias frequentam universidades há várias gerações. Vamos combinar que estamos diante de um recorde em matéria de empulhação ideológica. É possível discutir as cotas a partir de argumentos políticos, pedagógicos e assim por diante. Mas o argumento do bonzinho é apenas arrogância fantasiada de caridade. Num país onde a desigualdade atingiu o patamar da insania e da ...

PL 180 - UM PASSO...

PL 180 - UM PASSO ADIANTE NA LUTA POR IGUALDADE RACIAL A Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN), por meio de sua Diretoria, torna pública sua posição favorável à aprovação do Projeto de Lei nº180/08, que obriga as instituições de ensino superior vinculadas ao Ministério da Educação (MEC) a instituir políticas de promoção de igualdade no acesso ao ensino de graduação. Esta medida é parte de um processo que se inicia nos anos 1970/80, quando o Movimento Negro reorganiza-se focado na estratégia da denúncia das péssimas condições de vida da população negra. Depois, em 1995, o combate às desigualdades raciais entra na agenda política do país, quando os Movimentos Sociais Antirracistas, reunidos na Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo pela Cidadania e a Vida, arrancaram do chefe do Poder Executivo -  o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso -,  o reconhecimento da existência do Racismo e de desigualdades raciais históricas provocadas ...

BAYAH: KENNETH BANCROFT CLARK – A PSICOLOGIA REVELANDO O RACISMO

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SÁBADO, 28 DE JULHO DE 2012 KENNETH BANCROFT CLARK – A PSICOLOGIA REVELANDO O RACISMO Por Malachiyah Ben Ysrayl - Historiador e Hebreu-Israelita E-mail:  walterpassos21@yahoo.com.br Msn:  kefingfoluke1@hotmail.com Skype:  lindoebano Facebook:  Walter Passos Quando eu ministrava aulas nas 5ª e 6ª séries do ensino fundamental, dançava reggae e cantava com os estudantes para a descontração deles, porque naquela idade eles são bem ativos, sendo necessários estes intervalos em plena aula para que possam balançar o corpo em um espaço que mais parece uma prisão. Em uma escola de maioria de pretos e pretas, o reggae era uma maneira de expressar a africanidade, balançar o corpo e fazê-los sorrir. Os outros docentes não aprovavam o minha didática porque acreditavam no silêncio monástico europeu que está embasada a educação nos bairros pretos. Um dia resolvi inovar e levei “Lola” uma boneca preta da minha filha Vanessa para uma turma de 5ª série. Coloquei a boneca na mesa ...

Petição Pública - A Petição foi assinada com sucesso.

Petição Pública - A Petição foi assinada com sucesso.

Meu discurso de despedida da PROEX-UDESC

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa Pessoas, Gostaria de lhes escrever algumas linhas a título de despedida e agradecimento. Quando aqui cheguei, em 2008, a convite dos recém-eleitos Professores Sebastião e Heron, sentei naquela cadeira azul com uma montanha de ideias na cabeça e disposição para realizá-las. Com o tempo fui descobrindo que administrar não é tanto trazer para o "tempo" as divinas e eternas leis da razão, mas simplesmente cuidar das pessoas, observá-las e nelas descobrir o que elas têm de melhor para si mesmas e para a Universidade. Aprendi através do diálogo, por vezes tenso, por vezes generoso, que todo o interesse é legítimo, e cabe ao gestor harmonizá-lo, ou não, de modo a bem servir ao interesse pú...

Baumann e Obama - Tradução de Marcelo Medeiros

Para quem curte, uma pérola: um texto de Zygmunt Bauman, inédito em português, sobre os obstáculos e as aparentes opções de Obama (extraido de This Is Not a Diary. Cambridge: Polity Press, 2012): 28 de janeiro de 2011 Sobre mantê-lo do lado de dentro ficando do lado de fora Poucos meses antes das últimas eleições presidenciais americanas, numa conversa com Giuliano Battiston, eu disse o seguinte em resposta a uma pergunta dele: “Será que a eleição [de Obama] pode ser interpretada como um sinal de que o sistema político americano rompeu definitivamente o vínculo entre demos e ethnos e que os Estados Unidos estão se transformando numa sociedade pós-étnica mais consciente?”: Obama precisa ter cuidado em não concorrer ao poder em nome das massas “tiranizadas e oprimidas”, que são por esse motivo proclamadas inferiores – e cujas incapacidade, indignidade e infâmia, impostas e estereotipadas, resvalam sobre ele em função de sua classificação etnicamente/racialmente herdada/atribu...