Paulino Cardoso. TAXAS E SOBERANIA: AS OPORTUNIDADES CRIADAS PELA BIRRA TRUMPISTA.. Blog do Brasil 247, 14 de julho de 2025.
TAXAS E SOBERANIA: AS OPORTUNIDADES CRIADAS PELA BIRRA TRUMPISTA.
Graças a Comunidad Saker Latinoamérica (@TheSakerLatam no seu perfil do X) tive a oportunidade de reler o texto do grande Sergey Glazyev, escrito após o decreto de medidas retaliatórias contra a Federação Russa após o início da Operação Militar Especial na Ucrânia em 2022. (https://sakerlatam.blog/tarifas-e-soberania/).
Nele, o autor aponta as grandes oportunidades que se abriram para a
potência euroasiática, em especial, eliminar a dependência com o sistema financeiro internacional, operado pelos EUA e seus vassalos. Até o momento, foram decretados por parte da União Europeia 17 pacotes de sanções e um 18º pacote está em elaboração.
Em verdade, todo o Ocidente Coletivo já aplicou cerca de 16.500 sanções, entre elas o congelamento de 300 bilhões de dólares de ativos russos, a “bomba atômica” na economia russa: a retirada do país do sistema SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication), um sistema global de comunicação que permite que instituições financeiras em todo o mundo troquem informações e instruções de pagamento de forma segura e padronizada.Atualmente, o SWIFT conecta mais de 11.000 instituições financeiras em mais de 200 países e territórios.
No artigo, Glaziev indica as várias medidas tomadas pela liderança russa que permitiu transformar estes instrumentos de guerra econômica, em desafios a serem enfrentados. Em matéria de 2024, a BBC, mídia pública do Reino Unido e insuspeita de russofilia ,fez uma síntese dessas medidas. Segundo a publicação, a Rússia tem demonstrado resiliência frente às sanções econômicas do Ocidente, utilizando diversas estratégias para mitigar seus efeitos e manter o funcionamento da economia. Para Steve Rosenberg, responsável pelo artigo, as mais importantes foram a diversificação de parceiros comerciais, busca de mercados alternativos para seus produtos e serviços, especialmente na Ásia e no Oriente Médio. Além disso, a Rússia tem investido em setores-chave como a indústria de defesa e a agricultura, buscando fortalecer sua auto-suficiência e reduzir a dependência de importações. Acrescente a isso, em desacordo com o artigo de Glaziev, a gestão cuidadosa das finanças públicas e o controle da inflação também têm sido elementos importantes na resposta russa às sanções.
Cabe perguntar: o Brasil está preparado para a defesa de sua soberania caso venha um ataque do Império? Por exemplo, quanto das nossas reservas internacionais estão denominadas em dólar?
Embora os EUA seja o maior investidor da economia brasileira, cerca de 280 bilhões de dólares, em muitos setores, os estadunidenses são, em verdade, nossos concorrentes no mercado internacional, caso de petróleo, suco de laranja, entre outros.
Neste sentido, diante da ousadia do Governo Donald Trump, faz sentido que nosso governo e nossas universidades utilizem software dos EUA para nossa comunicação interna e não software livre como o Linux. Por que não estimular nossas empresas nacionais a produzir nossas próprias redes sociais, como fizeram China, Rússia e Coreia do Norte?
Detalhe, grandes autoridades científicas e militares iranianas foram martirizadas por usarem redes sociais de empresas estadunidenses, com o auxílio fantástico de uma empresa que todos deveriam gravar o nome: Palantir, de propriedade de Peter Thiel (https://pt.wikipedia.org/wiki/Palantir_Technologies) com investimentos da CIA, responsável pelo apoio ao genocídio palestino cometido por Israel.
Outro ponto importante, qual o sentido de mantermos um acordo visivelmente letais aos interesses nacionais com a União Europeia? Uma entidade criada pelos EUA para garantir a subordinação da Europa a seus próprios interesses.
Aproveitando a oportunidade, o que nos impede de romper com os vários acordos de cooperação internacional que vinculam nossas instituições, polícia federal, polícias militares, ministério público (lembram do Dallagnol?), poder judiciário e, principalmente, universidades.Travestidas de intercâmbio e qualificação, tais políticas implicam na prática em nossa subordinação ao ocidente coletivo.
Ademais, temos o grande inimigo interno, o Banco Central. É inegável que o órgão não apenas está a serviço da turma da bufunfa da Faria Lima, como plenamente articulado a Wall Street e a City de Londres. Eliminar sua autonomia e subordina-lo ao poder executivo e às políticas nacionais de desenvolvimento é uma tarefa central. Por que nossa moeda está exposta à especulação internacional?
Em que medida nosso governo, tal e qual o velho Getúlio Vargas, não pode estimular a fina cooperação entre empresas e instituições universitárias para promover a substituição da importação de produtos de alta tecnologia?
Algo nos diz, que o governo brasileiro não rompe os laços econômicos com o regime genocida de Israel, entre outras, porque a nossa Embraer precisa da Elbit Systems para o fornecimento de sistemas de aviônicos, incluindo computadores de bordo e sistemas inerciais de voo. É uma pena que, diferente da Venezuela de Nicolás Maduro, não aprendemos com Irã e Rússia, mesmo com as sanções, formulando uma política soberana de desenvolvimento econômico.
Donald Trump, nos deu a oportunidade de mobilizar a população, intimidar o Congresso Nacional e a mídia corporativa, de modo a alterar a famosa correlação de forças a favor de um projeto nacional como sonham Elias Jabbour(@eliasjabbour) e Paulo Nogueira batista Jr (@paulonbjr) . O Governo do PT terá coragem de nos comandar nesse processo? Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Brasil 247. https://www.brasil247.com/blog/taxas-e-soberania-as-oportunidades-criadas-pela-birra-trumpista
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