Altamiro Borges: Queda da informalidade não dá manchete

Por Altamiro Borges



Na semana passada, o
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas,
divulgou uma pesquisa que mostra que o trabalho informal (ou
“subterrâneo”, na linguagem dos economistas) atingiu o índice mais baixo
da história recente do país – o equivalente a 16,2% do Produto Interno
Bruto (PIB). No reinado neoliberal de FHC, a informalidade bateu
recordes, como consequência do aumento do desemprego e da queda da renda
dos trabalhadores. A imprensa tucana, porém, evitou dar destaque para
este importante avanço social dos últimos dez anos. Os urubólogos da
mídia, que habitam as redações dos jornalões e das emissoras de tevê e
rádio, não fizeram escarcéu sobre esta conquista.



O jornal Estadão não deu manchete ou chamada de capa,
mas publicou uma notinha sobre o estudo. Meio a contragosto, ele
reconheceu que “o contínuo encolhimento da economia informal na década
passada, que trouxe para a legalidade as atividades de milhões de
empreendedores e trabalhadores, com ganhos sociais e econômicos para
todos, foi estimulado pelo crescimento do PIB e pela crescente oferta de
crédito”. Ele não fez elogios aos governos Lula e Dilma, nem às
políticas de valorização do salário ou aos programas de distribuição de
renda – por motivos óbvios. Mas reconheceu este expressivo avanço,
especialmente num período em que o capitalismo mundial passa por uma
profunda crise econômica. 



“Há cerca de uma década, mais de
metade da população empregada não tinha registro em carteira, o que, de
um lado, excluía os trabalhadores nessa situação dos benefícios de que
desfrutam os empregados formais e, de outro, reduzia a arrecadação dos
tributos incidentes sobre a folha. Era um quadro ruim, pois a
informalidade resulta em piores condições de vida para os trabalhadores,
menor disponibilidade de recursos para o governo fazer os investimentos
que a população espera e menos estímulos para a produtividade e a
competitividade das empresas”, confessou o jornal da famiglia Mesquita,
que nunca escondeu a sua simpatia pelos tucanos e o seu ódio ao chamado
“lulopetismo”.





Queda do risco de demissão



Na mesma semana, o Banco Central divulgou outro importante estudo,
que comprova a acentuada queda do risco de demissões nos últimos dez
anos. A Folha tucana também não deu manchete, mas registrou numa
notinha: “A pesquisa mostra que as chances de um trabalhador brasileiro
perder ou deixar o seu emprego caiu drasticamente nos últimos anos. Já a
probabilidade de um desempregado achar uma ocupação aumentou, porém, de
maneira modesta... A probabilidade de desligamento no mês subsequente
ao da pesquisa caiu 61% desde o fim de 2003, de 2% para 0,8% no final de
2013. A chance de encontrar emprego subiu 3,2% no mesmo período, de
16,5% para 17,1%”.



Um cenário bem diferente daquele vivido, ou
sofrido, por milhões de trabalhadores durante o reinado neoliberal de
FHC. A queda das demissões nos últimos anos ajuda a explicar a redução
de 81% no nível de dezembro entre dezembro de 2003 e o fim de 2013. No
período pesquisado pelo Banco Central, a taxa de desemprego caiu de
12,3% para 5,4%, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE – “o menor
patamar da série histórica iniciada em 2002”, registra, timidamente, a
Folha tucana. E ainda há gente que acredita na tal “neutralidade” da
mídia privada. Diferente da filosofia de Rubens Ricupero, ex-ministro de
FHC, ela esconde o que é bom e dá destaque apenas ao que julga ser ruim
no atual governo!



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