domingo, 5 de janeiro de 2020

 

Fim da hegemonia unilateral global dos EUA


Prof. Lejeune MIrhan

sáb., 4 de jan. 18:36 (há 16 horas)
para gtarabepalestinaja
Aliança China-Irã-Rússia

As manobras do “
cinturão de segurança marítima” de quatro dias, trilaterais – reunindo Irã, China e Rússia no mar de Omã e no Oceano Índico marcarão o Oriente Médio por décadas e décadas futuras. Marcam o fim da hegemonia e do controle absolutos dos EUA no Oriente Médio e em todo o mundo.

Essas manobras militares conjuntas acontecem no coração da zona marítima de influência dos EUA. São exercícios táticos que simulam o resgate de fragatas que estejam sob ataque de inimigo do ‘trio’ em área de mais de 17.000 km (sic). Não são exercícios estratégicos, porque China e Rússia não terão acesso continuado a portos iranianos. Não se prevê qualquer inimigo comum que se apresente contra Rússia, China ou Irã ao mesmo tempo, nessas águas. O objetivo desses exercício é enviar uma mensagem, assinada pelos três países, aos EUA. A ‘mensagem’ marítima enviada a todo o mundo nesse dezembro de 2019 e muito realistamente é que está chegando ao fim o período de dominação global pelos EUA como único e autonomeado “policial do mundo”.

Foi a primeira vez que o Irã realizou exercícios militares conjuntos com duas potências navais mundiais, nessa escala, desde que existe a “República Islâmica” de 1979. O Irã convidou e hospedou os exercícios trilaterais, a partir do porto de Chabahar, no sudeste do Irã, desafiando abertamente a política de “máxima pressão” dos EUA. Teerã envia assim ao mundo a mensagem de que está ampliando as próprias capacidades militares, mesmo estando o país sob ataque das mais duras sanções que os EUA jamais implementaram. Demonstra-se assim que a política dos EUA, para tentar isolar o Irã, deu em nada. O presidente Donald Trump e sua equipe conseguiram ferir duramente a população iraniana com sanções e sítio sem precedentes: mas o governo de Teerã adaptou-se efetivamente às medidas punitivas, contando com um novo “
orçamento da Resistência” para limitar o muito que o país sempre dependeu das exportações de petróleo.

A política do presidente Donald Trump está conseguindo acelerar a construção de uma aliança que uniu Irã, China e Rússia (todos atacados pelas sanções comerciais impostas pelos EUA). Esses países, apesar dos exercícios militares do “cinturão de segurança naval”, não assinaram qualquer tipo de aliança estratégica entre eles. Mesmo assim, estão encontrando modos de se autoproteger, em todas as operações no Mar de Omã e no Oceano Índico. Essas manobras podem ser consideradas afronta direta às sanções norte-americanas, realizadas precisamente na mais importante rota marítima de todo o comércio mundial, considerada vitalmente importante para os EUA, com trânsito de 18,5 milhões de barris diários de petróleo.

É hora do pôr-do-sol norte-americano. Brilhou tão intensamente desde 1991, quando a guerra fria foi encerrada entre Washington e Moscou... Mas, então, o presidente 
George Bush anunciou a política norte-americana e aquela sua visão de “uma Nova Ordem Mundial na qual várias nações são aproximadas e unem-se para a luta comum para realizar as aspirações universais da humanidade: paz e segurança, liberdade e estado de Direito” (Presidente Bush [pai], “Discurso do Estado da União”, 29/1/1991).

Aquele dia marcou, isso sim, o início de uma ordem mundial desequilibrada, dependente, em termos políticos, econômicos e militares, da dominação pelos EUA. Foi o início de uma estratégia “destrutiva-construtiva” para esmagar qualquer país que rejeitasse a hegemonia dos EUA. No topo da lista estava o Irã.

No governo do presidente George W. Bush [pai], Washington decidiu cercar ainda mais completamente Irã, China e Rússia, e também o Afeganistão ocupado – por causa da posição geopolítica estratégica desse país, naquela ‘tríplice fronteira’ crucial: junto à China ocidental, à Ásia Central e ao leste do Irã e suas ricas jazidas de 
Urânio – e em seguida também o Iraque. O controle sobre o petróleo do Oriente Médio era prioridade de um plano para inventar um “novo Oriente Médio” que quebrasse a aliança do Irã com o Líbano (Hezbollah) e com o presidente Bashar al-Assad da Síria.

Os EUA sempre viveram à procura de vias para dividir continentes, para assim poder governá-los e impedir que se constituísse qualquer aliança potencialmente ameaçadora. A Eurásia, onde está dois terços de toda a energia mundial sempre esteve sob vigilância cerrada, pelos norte-americanos, praticamente tanto quanto o Irã.

Mas o Irã de 2019 é diferente do Irã de 1979. Depois da “guerra dos grandes navios petroleiros” no Estreito de Ormuz, da derrubada do mais caro dos drones norte-americanos e da destruição de instalações sauditas de petróleo (que reduziram à metade a capacidade da Arábia Saudita para exportar petróleo) com mísseis cruzadores iranianos de alta precisão, os EUA afinal se viram diante de uma realidade amarga. Todas as bases militares dos EUA que cercam o Irã são hoje alvo fácil para os mísseis cruzadores iranianos, no caso de os EUA decidirem atacar a República Islâmica. Irã sequer precisa procurar ‘interesses’ norte-americanos em territórios distantes.

Ainda mais do que isso, o Irã não titubeou para interceptar e confiscar um navio-tanque britânico, com o que enviou clara mensagem de confrontação à Grã-Bretanha e manifestou sua perfeita prontidão para escaramuças militares, se necessárias. O Irã assinalou que controla capacidades para combater em vários fronts contra seus inimigos. Os funcionários iranianos deixaram absolutamente claro aos líderes de todos os países seus vizinhos (Arábia Saudita, Emirados, Iraque, nordeste da Síria, Israel) que seus mísseis de precisão não pouparão país algum onde haja base militar dos EUA, ou que se deixe usar como ponto de partida para atacar o Irã.

Muitos elementos já indicaram que o Irã estava pronto para o pior cenário possível e treinado para situação extrema, sabendo que os EUA não se arriscariam em guerra imprevisível na qual a vitória esteja muito longe de garantidaO presidente Trump estava pronto para poucas batalhas, uma aqui, outra ali, “batalhas entre guerras” ao estilo de Israel. Mas não, de modo algum, para guerra de destruição total. Trump e equipe logo entenderam que os inimigos dos EUA haviam-se equipado com quantidade suficiente de mísseis para engajar-se em vários fronts em diferentes países do Oriente Médio.

Trump tenta evitar perdas humanas durante seu governo. Sabe que os aliados do Irã mergulharão em qualquer tipo de luta para resistir a ataques contra a República Islâmica e que atacarão aliados dos EUA no Oriente Médio.

O Irã equipou seu aliado mais forte e mais bem organizado no Oriente Médio, o Hezbollah no Líbano, com dezenas de milhares de foguetes e mísseis de precisão, suficientes para destruir alvos israelenses, já incluídos nos arquivos iranianos de alvos. Os ‘interesses’ israelenses estão todos a poucos quilômetros de bases do Hezbollah, não suficientemente distantes para que os mísseis de interceptação israelenses consigam neutralizar todos os mísseis e foguetes que sejam lançados simultaneamente. Mas esse nem é o verdadeiro problema: de fato, o front doméstico israelense absolutamente não está preparado para guerra – e até militares israelenses reconhecem isso.
O Hezbollah conseguiu desmantelar a política israelense de contenção e quebrou a moral de combate de Israel, como o mundo viu acontecer, no mais recente confronto. Na verdade, Israel escolheu abandonar por duas semanas todas as posições ao longo de 100 km das fronteiras e 5 km de profundidade, bastando para isso apenas uma ameaça feita por televisão, pelo secretário-geral do Hezbollah, Said Hassan Nasrallah. É sinal muito potente de que, por mais que Israel possa insistir em ameaças verbais contra o Líbano, absolutamente não fará guerra ainda por muito, muito tempo.

Há forças aliadas do Irã presentes também na Síria, Iraque e Iêmen, todas equipadas com mísseis de precisão. EUA e seus aliados não estão em posição de ignorar essa realidade nem o fato de que (sem subestimar o grande poder de destruição de EUA e Israel) o Irã e seus aliados podem infligir grave dano aos EUA e aliados, em caso de guerra.

Outro elemento crucialmente importante, que não se deve negligenciar, é que os EUA já cuidam de se afastar do Oriente Médio. Em 2019 vi pessoalmente o claro distanciamento dos EUA, do processo para selecionar o primeiro-ministro do Iraque, pela primeira vez, desde 2003. Os EUA – muito estranhamente – não estão interferindo na escolha de um primeiro-ministro para o Líbano. São dois países muito importantes, nos quais os EUA sempre foram ativíssimos no serviço de conter a influência do Irã. Assim também na Síria (de onde os EUA vivem de roubar petróleo, pode-se dizer, à luz do dia). Os EUA parecem ter perdido o apetite para permanecer no Levante e tentar forçar o Irã a separar-se da Síria – o que absolutamente não alegra Israel.

Aos EUA só resta a arma das sanções econômicas, e arma que a cada dia que passa vai-se tornando menos eficiente, ao ritmo em que os países adaptam-se à nova situação. Trump está sancionando amigos, inimigos e concorrentes, exaurindo o poder financeiro dos EUA. Acaba por dar uma vantagem as países que deseja destruir, porque são forçados a se preparar para contramedidas no longo prazo. Os EUA, que tentaram alcançar a hegemonia, estão retrocedendo à era antes de 1991.

É verdade que os EUA, no governo do presidente Trump, conseguiu vender quantidades monstro de armas a países do Oriente Médio. A indústria norte-americana de material bélico auferiu alguns ganhos nuns poucos anos, mas agora chega aos anos das vacas magras. Aquelas armas não serão usadas em alguma guerra futura, porque a possibilidade de confronto militar no Oriente Médio vai evanescendo, e todos os partidos e potenciais adversários beligerantes já estão equipados e armados com satisfatório poder de fogo.

Hoje os EUA voltam os olhos para Rússia, China e respectivos aliados como fontes de perigo, porque são países potentes e em progresso, mais competitivos a cada dia em campos como alta tecnologia e inteligência artificial. Há pouco espaço para confrontos armados entre nações. É chegada a hora de os países do Oriente Médio resolverem suas questões domésticas e regionais, cuidando eles mesmos da própria vida, sem interferência de fora.*******

sábado, 4 de janeiro de 2020

 

MEMORANDO DO VIPS: Dobrar em mais uma 'marcha da loucura', desta vez no Irã


Salvar
 
"Escrevemos com um senso de urgência, sugerindo que você evite dobrar a catástrofe", disse VIPS a Donald Trump em seu último memorando ao presidente.
3 de janeiro de 2020
MEMORANDO PARA: O Presidente
DE: Profissionais Veteranos de Inteligência em Sanidade (VIPS)
ASSUNTO: Dobrar em outra "marcha da loucura"?
O assassinato por drone no Iraque do comandante da Força Quds iraniana, general Qassem Soleimani, evoca a lembrança do assassinato do arquiduque austríaco Ferdinand em junho de 1914, o que levou à Primeira Guerra Mundial, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Que o Irã retaliará no momento e local de sua escolha é quase uma certeza. E a escalada para a Terceira Guerra Mundial não é mais apenas uma possibilidade remota, principalmente devido à infinidade de alvos vulneráveis ​​oferecidos pela nossa grande presença militar na região e nas águas próximas.
O que seus conselheiros podem ter evitado lhe dizer é que o Irã não foi isolado. Pelo contrário. Há uma semana, por exemplo, o Irã lançou seus primeiros exercícios navais conjuntos com a Rússia e a China no Golfo de Omã, em um desafio sem precedentes para os EUA na região.
Cui Bono?
É hora de chamar uma pá de pá. O país que espera se beneficiar mais das hostilidades entre o Irã e os EUA é Israel (com a Arábia Saudita em segundo lugar). Como você sem dúvida sabe, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está lutando por sua vida política. Ele continua a esperar de você o tipo de presente que continua dando. Da mesma forma, parece que você, seu genro e outros assessores míopes pró-Israel são tão suscetíveis à influência dos primeiros-ministros de Israel quanto o ex-presidente George W. Bush. Alguns comentaristas estão citando sua responsabilidade pessoal por fornecer ao Irã um casus belli como insondável. Olhando para trás, há apenas uma década, vemos um padrão facilmente distinguível.
O ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, desempenhou um grande papel na tentativa de George W. Bush de destruir o Iraque de Saddam Hussein. Geralmente taciturno, o general Brent Scowcroft, assessor de segurança nacional dos presidentes Gerald Ford e George HW Bush, alertou em agosto de 2002 que "a ação dos EUA contra o Iraque ... poderia transformar toda a região em um caldeirão". Bush não prestou atenção, levando Scowcroft a explicar em outubro de 2004 ao The Financial Times, que o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon tinha George W. Bush "hipnotizado"; que Sharon o tem "enrolado em seu dedo mindinho". (Scowcroft foi imediatamente dispensado de seus deveres como presidente do prestigioso Conselho Consultivo de Inteligência Estrangeira do Presidente.)
Em setembro de 2002, bem antes do ataque ao Iraque, Philip Zelikow, secretário executivo da Comissão do 11 de Setembro, declarou publicamente em um momento de sinceridade incomum: “A 'ameaça real' do Iraque não era uma ameaça para os Estados Unidos. Unidos. A ameaça não declarada era a ameaça contra Israel. ”Zelikow não explicou como o Iraque (ou o Irã), com zero armas nucleares, não seria impedido de atacar Israel, que tinha algumas centenas de armas.
Zombie Generals
Quando uma liderança militar dos EUA dócil, com o princípio de Peter, “ainda estamos vencendo no Afeganistão”, envia mais tropas (principalmente de um esboço da pobreza) para serem feridas e mortas em hostilidades com o Irã, provavelmente os americanos, desta vez , para procurar por respostas na mídia igualmente dócil. Foi para Netanyahu e o regime opressivo em Israel? Muitos americanos acordam e é provável que haja uma reação séria.
Os eventos podem trazer um aumento no tipo de anti-semitismo já responsável pelos ataques terroristas domésticos. E quando os bodybags chegam do exterior, pode haver para as famílias e para os americanos pensadores um limite para quanto mais tempo a grande mídia pró-Israel será capaz de puxar a lã sobre os olhos.
Aqueles que preferem pensar que o general Scowcroft levantou-se do lado errado da cama em 13 de outubro de 2004, o dia em que deu a entrevista ao The Financial Times, pode lucrar com palavras diretamente da boca de Netanyahu. Em 3 de agosto de 2010, em um memorando formal do VIPS para o seu antecessor, fornecemos alguns “Netanyahu em suas próprias palavras”. Incluímos um trecho aqui para o contexto histórico:
“Cálculos de Netanyahu
Netanyahu acredita que ele tem as melhores cartas, em grande parte por causa do forte apoio de que desfruta em nosso Congresso e de nossa mídia fortemente pró-Israel. Ele lê a relutância de [Obama] mesmo em mencionar questões bilaterais polêmicas publicamente durante sua recente visita como afirmação de que ele está no banco dos pássaros no relacionamento. 
Durante os anos eleitorais nos EUA (incluindo os de médio prazo), os líderes israelenses estão particularmente confiantes do poder que eles e o Likud Lobby desfrutam no cenário político americano.
A atitude de Netanyahu aparece em um vídeo gravado nove anos atrás e exibido na TV israelense, no qual ele se gabava de como enganou o presidente Clinton a acreditar que ele (Netanyahu) estava ajudando a implementar os acordos de Oslo quando ele os estava destruindo. 
A fita mostra uma atitude desdenhosa em relação a - e maravilhada - uma América tão facilmente influenciada por Israel. Netanyahu diz:
“A América é algo que pode ser facilmente mudado. Movido na direção certa. ... Eles não atrapalham o nosso caminho ... Oitenta por cento dos americanos nos apóiam. Isso é um absurdo.
O colunista israelense Gideon Levy escreveu que o vídeo mostra Netanyahu como "um vigarista ... que pensa que Washington está no bolso e que ele pode puxar a lã sobre os olhos", acrescentando que esse comportamento "não muda ao longo dos anos".
Recomendação
Encerramos o primeiro Memorando do VIPS Para o Presidente (George W. Bush) com esta crítica do discurso do Secretário de Estado Colin Powell na ONU no início daquele dia:
“Ninguém tem um canto da verdade; nem abrigamos ilusões de que nossa análise seja "irrefutável ou inegável" [como Powell alegou que era]. Mas depois de assistir o secretário Powell hoje, estamos convencidos de que você seria bem servido se ampliasse a discussão ... além do círculo daqueles conselheiros claramente empenhados em uma guerra pela qual não vemos razão convincente e da qual acreditamos que as conseqüências não intencionais são prováveis ser catastrófico. "
Estamos todos em um momento liminar Escrevemos com um senso de urgência, sugerindo que você evite dobrar a catástrofe.
Para o Grupo Diretor de Profissionais Veteranos de Inteligência em Sanidade:
William Binney, ex-diretor técnico de Análise Geopolítica e Militar Mundial, NSA; co-fundador, SIGINT Automation Research Center (ret.)
Marshall Carter-Tripp, Oficial de Serviço Estrangeiro e Diretor de Divisão, Departamento de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado (ret.)
Daniel Ellsberg, (Associado VIPS)
Graham Fuller, ex-vice-presidente do Conselho Nacional de Inteligência (aposentadoria)
Robert Furukawa , Capitão, Corpo de Engenheiros Civis, USN-R, (ret.)
Philip Giraldi, CIA, Diretor de Operações (aposentado)
Mike Gravel, ex-ajudante, oficial de controle altamente secreto do Serviço de Inteligência de Comunicações; agente especial do Counter Intelligence Corps e ex-senador dos Estados Unidos
Matthew Hoh, ex-capitão, USMC Iraque; Oficial de Serviço Estrangeiro, Afeganistão (VIPS associado)
Michael S. Kearns, capitão, USAF (aposentado); ex-Instrutor Master SERE para Operações de Reconhecimento Estratégico (NSA / DIA) e Unidades de Missão Especial (JSOC)
John Kiriakou, ex-oficial de contraterrorismo da CIA e ex-investigador sênior do Comitê de Relações Exteriores do Senado
Karen Kwiatkowski, Tenente-Coronel, Força Aérea dos EUA (aposentada), no Gabinete do Secretário de Defesa, assistindo à fabricação de mentiras no Iraque, 2001-2003
Edward Loomis, cientista da computação em criptografia da NSA e diretor técnico (ret.)
Ray McGovern, ex-oficial de infantaria / inteligência do Exército dos EUA e briefer presidencial da CIA (ret.)
Elizabeth Murray, ex-vice-diretora de inteligência nacional do Oriente Médio e analista político da CIA (ret.)
Todd E. Pierce, MAJ, Advogado de Juízes do Exército dos EUA (aposentado)
Scott Ritter, ex-MAJ., USMC, ex-inspetor de armas da ONU, Iraque
Coleen Rowley, agente especial do FBI e ex-consultor jurídico da Divisão de Minneapolis (ret.)
Sarah Wilton, comandante, Reserva Naval dos EUA (ret.) E Agência de Inteligência de Defesa (ret.)
Robert Wing, ex-oficial do Serviço de Relações Exteriores do Departamento de Estado dos EUA (VIPS Associado)

https://consortiumnews.com/2020/01/03/vips-memo-doubling-down-into-yet-another-march-of-folly-this-time-on-iran/

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

 

Pamir Highway: a estrada no telhado do mundo (parte 1 de 2)


Por Pepe Escobar
Estas são as antigas Rota da Seda que o Taliban nunca poderá alcançar


Direto da Antiga Rota da Seda: uma caravana de camelos no corredor afegão de Wakhan. Foto: Pepe Escobar / Asia Times

Parte 1 de uma série de 2 partes

Esta é sem dúvida a melhor viagem por terra. Marco Polo fez isso. Todos os lendários exploradores da Rota da Seda fizeram isso. Viajar pela estrada Pamir de costas, à medida que o inverno se aproxima, capaz de apreciá-lo por completo, em silêncio e solidão, oferece não apenas um mergulho histórico nos meandros da antiga Rota da Seda, mas um vislumbre do que o futuro pode trazer a forma das novas estradas da seda.

Esta é uma viagem rica em história antiga mágica. Os tadjiques remontam às tribos de sogdianos, bactrianos e partos. Indo-iranianos vivia em Bactria ( “um país de mil cidades”) e Sogdiana do 6-7 ª séculos aC até os 8 th século AD tadjiques compõem 80% da população da república, muito orgulhosos do seu património cultural persa, e parentes com povos de língua tajique no norte do Afeganistão e na região em torno de Tashkurgan em Xinjiang.

Os proto-tadjiques e além estavam sempre à margem de inúmeros impérios - desde os aquemênidas, kushan e sogdianos até os greco-bactrianos, o emirado de Bukhara e até a URSS. Hoje, muitos tadjiques vivem no vizinho Uzbequistão - que agora está passando por um boom econômico. Devido ao desmentido projeto de fronteira de Stalin, Bukhara e Samarkand - cidades por excelência do Tajique - tornaram-se "uzbeques".

O território de Bactria incluía o que hoje é o norte do Afeganistão, o sul do Tajiquistão e o sul do Uzbequistão. A capital era lendária Balkh, assim chamada pelos gregos, com o título informal de "mãe de todas as cidades".

Sogdiana foi nomeada pelos gregos e romanos como Transoxiana: entre os rios, Amu-Darya e Syr-Darya. Os sogdianos praticavam o zoroastrismo e viviam da agricultura arável com base na irrigação artificial.



Pamirs ocidentais: atualização da estrada pela China, rio Pyanj, Tajiquistão à esquerda, Afeganistão à direita, Hindu Kush ao fundo. Foto: Pepe Escobar
Todos nos lembramos que Alexandre, o Grande, invadiu a Ásia Central em 329 aC. Depois de conquistar Cabul, marchou para o norte e atravessou o Amu-Darya. Dois anos depois, ele derrotou os sogdianos. Entre os prisioneiros capturados estava um nobre bactriano, Oxyartes, e sua família.

Alexander casou-se com a filha de Oxyartes, a fascinante Roxanne, a mulher mais bonita da Ásia Central. Então, ele fundou a cidade de Alexandria Eskhata (“A Mais Distante”), que é hoje o Kojand, no norte do Tajiquistão. Em Sogdiana e Bactria, ele construiu até 12 Alexandrias, incluindo Aryan Alexandria (hoje Herat, no Afeganistão) e Marghian Alexandria (hoje Mary, anteriormente Merv, no Turquemenistão).

Em meados do século VI, todas essas terras foram divididas entre os Kaghans turcos, o Império Sassaniano e uma coalizão de reis indianos. O que sempre permaneceu inalterado foi a ênfase na agricultura, planejamento urbano, artesanato, comércio, ferraria, cerâmica, fabricação de cobre e mineração.

A rota da caravana através dos Pamirs - de Badakshan a Tashkurgan - é o material da lenda no Ocidente. Marco Polo o descreveu como "o lugar mais alto do mundo". De fato: os pamires eram conhecidos pelos persas como Bam-i-Dunya (traduzido adequadamente como "telhado do mundo").

Os picos mais altos do mundo podem estar no Himalaia. Mas os Pamir são algo único: o ponto mais alto da orografia da Ásia, do qual irradiam todas as cordilheiras mais altas do mundo: o Hindu Kush, a noroeste, o Tian Shan, a nordeste, e o Karakoram e o Himalaia, a sudeste.

Melhor encruzilhada imperial
Os Pamir são o limite sul da Ásia Central. E vamos direto ao ponto, a região mais fascinante de toda a Eurásia: por mais selvagem que seja, repleta de picos de tirar o fôlego, pináculos cobertos de neve, rios repletos de fendas, enormes geleiras - um espetáculo branco maior e azul com tons de cinza pedregoso.

Este é também o cruzamento perfeito de impérios - incluindo o lendário Russo-Britânica 19 th século Grande Jogo. Não é de admirar: imagine uma grande encruzilhada entre Xinjiang, o corredor Wakhan no Afeganistão e Chitral no Paquistão. Pamir pode significar um "vale alto e ondulado". Mas os Pamirs do leste nus podem muito bem estar na lua - atravessados ​​menos por seres humanos do que as ovelhas Marco Polo, íbex e iaques.

Inúmeras caravanas comerciais, unidades militares, missionários e peregrinos religiosos também tornaram a Pamir Silk Road conhecida como “estrada das ideologias”. Exploradores britânicos como Francis Younghusband e George Curzon atingiram o alto Oxus e mapearam passes altos para a Índia britânica. Exploradores russos como Kostenko e Fedchenko rastrearam o Alai e os grandes picos do norte de Pamir. A primeira expedição russa chegou aos Pamirs em 1866, liderada por Fedchenko, que descobriu e emprestou seu nome a uma imensa geleira, uma das maiores do mundo. Trekking para isso é impossível quando o inverno se aproxima.

E havia os lendários exploradores da Rota da Seda, Sven Hedin (em 1894-5) e Aurel Stein (1915), que exploraram sua herança histórica.


Os caminhões de carga de contêineres chineses negociam os Pamirs ocidentais. Foto: Pepe Escobar
A versão Pamir Highway da Rota da Seda foi realmente construída pela União Soviética entre 1934 e 1940, previsivelmente seguindo trilhas antigas de caravanas. O nome da região continua soviético: o Oblast Autônomo de Gorno-Badakhshan (GBAO). Para percorrer a rodovia, é preciso uma autorização GBAO.

Por não menos de 2.000 anos - a partir de 500 aC até o início de 16 th Century - caravanas de camelos realizadas não só de seda do Oriente ao Ocidente, mas bens feita de bronze, porcelana, lã e cobalto, também do Ocidente para o Oriente. Existem nada menos que quatro ramos diferentes da Rota da Seda no Tajiquistão. As antigas Rota da Seda eram uma apoteose da conectividade: idéias, tecnologia, arte, religião, enriquecimento cultural mútuo. Os chineses, com um profundo olhar histórico, não por acidente identificaram o “legado comum da humanidade” como a base conceitual / filosófica das Novas Rota da Seda, lideradas pelos chineses, ou Iniciativa do Cinturão e Rota.



Vila afegã pelo rio Pyanj, Hindu Kush em segundo plano. Foto: Pepe Escobar
Já China atualizar, vai viajar
Nas aldeias de Gorno-Badakhshan, estendidas ao longo de impressionantes vales fluviais, a vida há séculos tem sido sobre agricultura de irrigação e pecuária de pasto sazonal. À medida que avançamos em direção aos árabes Pamirs do leste, a história se transforma em um épico: como as pessoas das montanhas acabaram se adaptando a viver em altitudes de até 4.500 metros.

Nos Pamirs ocidentais, a atualização da estrada atual era por - quem mais? China. A qualidade é equivalente à Rodovia Karakoram, no norte. As empresas de construção chinesas estão lentamente avançando em direção aos pamires orientais - mas repavimentar toda a estrada pode levar anos.


Os chineses estão chegando: modernizando a rodovia nos Pamirs ocidentais. Foto: Pepe Escobar

A fortaleza de Yamchun do século III aC, conhecida como 'O Castelo dos Adoradores do Fogo'. Foto: Pepe Escobar
O rio Pyanj desenha uma espécie de arco enorme ao redor da fronteira de Badakhshan, no Afeganistão. Vemos aldeias absolutamente incríveis empoleiradas nas colinas do outro lado do rio, incluindo algumas boas casas e proprietários com um SUV em vez de um burro ou uma bicicleta. Agora, existem algumas pontes sobre o Pyanj, financiadas pela fundação Aga Khan, em vez de pranchas anteriores cheias de pedras suspensas sobre falésias vertiginosas.

De Qalaykhumb a Khorog e depois até Ishkoshim, o rio Pyanj estabelece a fronteira afegã por centenas de quilômetros - atravessando choupos e campos impecavelmente cuidados. Em seguida, entramos no lendário vale Wakhan: um ramo estéril da Antiga Rota da Seda, com os espetaculares picos nevados do Hindu Kush ao fundo. Mais ao sul, uma caminhada de apenas algumas dezenas de quilômetros, é Chitral e Gilgit-Baltistan no Paquistão.

O Wakhan não poderia ser mais estratégico - contestado, ao longo do tempo, por Pamiris, afegãos, quirguizes e chineses, salpicados de qalas (fortalezas) que protegiam e tributavam as caravanas comerciais da Rota da Seda.

A estrela dos qalas é o 3 rd século aC Yamchun fortaleza - um livro de castelo medieval, originalmente 900 metros de comprimento e 400 metros de largura, situado em uma encosta rochosa praticamente inacessível, protegido por dois canyons do rio, com 40 torres e uma cidadela. O lendário explorador da Rota da Seda Aurel Stein, que esteve aqui em 1906, a caminho da China, ficou chocado. A fortaleza é conhecida localmente como o “Castelo dos Adoradores do Fogo”.

Badakhshan pré-islâmico era zoroastriano, adorando o fogo, o sol e os espíritos dos ancestrais e, ao mesmo tempo, praticando uma versão distinta do budismo badakhshani. De fato, em Vrang, encontramos os restos de 7 ª -8 ª século budistas grutas artificiais, que também poderia ter sido um local de Zoroastro no passado. O monge errante da dinastia Tang, Xuanzang, esteve aqui no século VII . Ele descreveu os mosteiros e, notavelmente, notou uma inscrição budista: "Narayana, vença".

Ishkoshim, que Marco Polo cruzou em 1271 a caminho do alto Wakhan, é a única passagem de fronteira nos Pamirs para o Afeganistão aberta a estrangeiros. Falar em "estradas" no lado afegão é audacioso. Mas as trilhas antigas da Rota da Seda permanecem, negociáveis ​​apenas com um jipe ​​russo de estudo, mergulhando em Faizabad e mais adiante em Mazar-i-Sharif.

Aqui estão as partes às quais a guerra americana contra o Afeganistão, de 18 anos e trilhão de dólares, disse ao Afeganistão nunca chega. A única "América" ​​disponível são os sucessos de bilheteria de Hollywood em DVD a 30 centavos de dólar cada.

Tive a sorte de encontrar o verdadeiro negócio: uma caravana de camelos, diretamente da antiga Rota da Seda, seguindo uma trilha no lado afegão do Wakhan. Eles eram nômades quirguizes. Existem cerca de 3.000 nômades quirguizes em Wakhan, que gostariam de se instalar em sua terra natal. Mas eles estão perdidos em um labirinto burocrático - mesmo assumindo que eles garantem passaportes afegãos.

Estas são as antigas Rota da Seda que o Taliban nunca poderá alcançar.


http://thesaker.is/pamir-highway-the-road-on-the-roof-of-the-world-part-1-of-2/?fbclid=IwAR1XLIf0MGRDJ-m0hunM5iDfxw--soxxRAHeJOtKXfS61resOH-toKWTv5E

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