segunda-feira, 21 de julho de 2014

 

Embargo ao Estado terrorista de Israel

http://www.adolfoperezesquivel.org/
Por Altamiro Borges no Blog do Miro.

Em mais um dia de intensos bombardeios, cerca de 60 palestinos foram assassinados neste domingo (20) pela ação terrorista do Estado de Israel. Segundo a agência de notícias Reuters, residentes de um bairro de Gaza "deixaram as ruas do conflito repletas de corpos e destroços, e muitos se abrigaram no hospital de Shifa. Lamentos e perguntas como 'você viu Ahmed' ou 'você viu minha esposa' ecoavam no pátio do hospital. Na parte de dentro, mortos e feridos eram vistos deitados no chão manchado de sangue. O diretor do hospital de Shifa, Naser Tattar, disse que 17 crianças, 14 mulheres e quatro idosos estavam entre os 62 mortos, e cerca de 400 pessoas foram feridas no ataque de Israel".

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que comanda a ofensiva aérea e terrestre, parece não ter freios nesta ação terrorista, que já causou mais de 400 mortos - a maioria de civis, incluindo mulheres e crianças. Várias governantes já se pronunciaram contra o genocídio, inclusive a presidenta Dilma Rousseff, que condenou a "reação desproporcional" contra o Hamas. Já o primeiro-ministro da Turquia, Racyyp Erdogan, afirmou que Israel já superou a barbárie nazista. Neste domingo, o próprio secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, criticou o “terrível ataque" e apelou para que o exército israelense "faça mais" para poupar a vida dos civis palestinos.

Todos estes apelos, porém, não têm contido a fúria assassina do Estado terrorista de Israel, que conta apenas com o irrestrito apoio do governo dos EUA. Diante deste cenário de barbárie, ganha força um manifesto lançado nesta semana por intelectuais e artistas de diversos países que propõe o imediato embargo militar a Israel como forma de pressionar pelo fim das agressões e da ocupação na Palestina. Segundo o texto, as trocas comerciais e militares com o país bancam as ações do exército israelense. Entre os signatários do manifesto estão seis Prêmios Nobel da Paz. Reproduzo abaixo o documento:

*****

Israel, mais uma vez desencadeou toda a força de seu exército contra a população palestina em cativeiro, particularmente na sitiada Faixa de Gaza, em um ato desumano e ilegal de agressão militar. O atual ataque israelense em Gaza já matou muitos civis inocentes, causou centenas de feridos e devastou infraestrutura civil, incluindo o setor de saúde, que foi severamente danificado.

A capacidade de Israel para lançar este tipo de ataques devastadores com impunidade deriva em grande parte da vasta cooperação militar internacional e comércio de armas que Israel mantém com governos cúmplices em todo o mundo.

Durante o período de 2008 a 2019, os Estados Unidos pretendem fornecer ajuda militar a Israel no valor de 30 bilhões de dólares, enquanto vendas militares israelenses anuais mundiais chegam a bilhões de dólares. Nos últimos anos, os países europeus têm exportado armas para Israel no valor de bilhões de euros e a União Europeia financiou as empresas militares israelenses e universidades com bolsas de pesquisa militares no valor de bilhões euros.

As economias emergentes, como a Índia, Brasil e Chile, aumentam rapidamente o seu comércio e cooperação militar com Israel, apesar de afirmarem que apoiam os direitos dos palestinos.

Importando e exportando armas para Israel e facilitando o desenvolvimento de tecnologia militar israelenses, governos estão de fato enviando uma mensagem clara de aprovação da agressão militar de Israel, incluindo os seus crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade.

Israel é um dos principais produtores e exportadores de drones militares do mundo. A tecnologia militar de Israel, desenvolvida para manter décadas de opressão, é comercializado sob a classificação de “testada no campo” e é exportado em todo o mundo.

O comércio militar com Israel e as relações de pesquisa militar conjunta incentivam a impunidade de Israel enquanto comete violações graves do direito internacional e facilitam a consolidação de um sistema israelense de ocupação, colonização e negação sistemática dos direitos dos palestinos.

Apelamos às Nações Unidas e governos de todo o mundo a tomar medidas imediatas para aplicar um abrangente e juridicamente vinculativo embargo militar contra Israel, semelhante a o embargo imposto a África do Sul durante o apartheid.

Governos que expressam sua solidariedade com a população palestina em Gaza, a mais atingida pelo militarismo, as atrocidades e a impunidade de Israel, devem começar a cortar todos os laços militares com Israel. Os palestinos hoje precisam da solidariedade efetiva não caridade.

- Arch Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, África do Sul;


- Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz, Guatemala;

- Mairead Maguire, Prêmio Nobel da Paz, Irlanda;

- Adolfo Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, Argentina;

- Jody Williams, Prêmio Nobel da Paz, EUA;

- Betty Williams, Prêmio Nobel da Paz, Reino Unido/Irlanda do Norte;

- Roger Waters, músico, Reino Unido;

- Alice Walker, autora, EUA;

- Frei Betto, teólogo da libertação, Brasil;

- Zwelinzima Vavi, secretário-geral da COSATU, África do Sul;

- João Antonio Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional, Brasil;

- Slavoj Zizek, filósofo, Eslovénia;

- Nurit Peled, acadêmico, Israel;

- Gillian Slovo, autor, ex-presidente do PEN (UK), Reino Unido;

- Gita Hariharan, escritora, Índia;

- Federico Mayor Zaragoza, ex-diretor geral da UNESCO, Espanha;

- Chris Hedges, jornalista, Prêmio Pulitzer de 2002, EUA;

- Botas Riley, rapper, poeta, produtor de artes, EUA;

- Noam Chomsky, filósofo, comentador político, EUA;

- Ilan Pappe, historiador, Israel;

- John Dugard, ex-juiz do Tribunal Internacional de Justiça, África do Sul;

- John Pilger, jornalista e cineasta, Austrália;

- Richard Falk, ex-relator especial da ONU sobre os Territórios Palestinos Ocupados, EUA;

- Coodavia Ismail, ex-embaixador da África do Sul de Israel;

- Judith Butler, teórica de gênero, Prêmio Theodor W. Adorno, EUA.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

 

A solidão da Palestina



Por Emir Sader  publicado no Blog Ilharga



“O mais difícil é ser a vítima das vítimas”, dizia Edward Said, para expressar uma das dimensões dos obstáculos que encontram os palestinos para lutar contra a ocupação israelense de seus territórios.

A solidão atual dos palestinos demonstra como essa era apenas uma das tantas dificuldades que eles têm que enfrentar para sobreviver. O direito elementar, aprovado há décadas pela ONU, de ter um Estado Palestino, da mesma forma que existe o Estado de Israel, é bloqueado pelo voto dos EUA no Conselho de Segurança e a ONU não faz nada para contornar essa atitude norte-americana.

A Palestina segue sendo dois territórios descontínuos – Cisjordânia e Gaza -, o primeiro esquartejado pelos muros, violado pelos assentamentos judeus e ocupado militarmente. Gaza, cercada e atacada a cada tanto, impunemente, como de novo agora. Não existe como Estado e se busca que a Palestina deixe de existir como territórios isolados, ao fazer com que seja economicamente inviável e humanamente insuportável.

Todos deveriam ir à Palestina – à Cisjordânia e, se conseguissem, a Gaza – para ter uma ideia do que é viver sob ocupação de um Exército racista. Para ver o que significam cotidianamente os muros, que separam a vizinhos, a parentes, a crianças que antes brincavam juntas na rua. Como as senhoras palestinas tem que andar quilômetros para poder cruzar para o outro lado da sua rua, submetidas ao arbítrio de jovens militares racistas de Israel, que controlam as passagens.

Para ver como esse mesmo tipo de jovens saem, de noite, protegidos por forças militares de Israel, para destruir bens dos palestinos, incluindo oliveiras, que tardam um século para crescer. Que jogam lixo nas ruas dos palestino, que tem que colocar redes de proteção para se defender.

Para sentir como os palestinos são atacados também no seu orgulho, nos seus espaços mínimos de vida, é preciso ir à Palestina, à Cisjordânia e, se possível, também a Gaza.

Nada de todos estes sofrimentos justifica ações violentas, mesmo se a gente pensa, quando está lá, como fazem os palestinos para não reagir ao terrorismo cotidiano que se exerce contra eles.

Inclusive para o primeiro objetivo, que é a unidade nacional da Palestina, porque se trata de uma luta contra o invasor, é preciso unir o país para expulsá-lo. O segundo, dada a correlação de forças internacional, é que é preciso contar com setores em Israel que se convençam de que não vale a pena a ocupação permanente da Palestina, com as incertezas que isso traz para os próprios israelenses.

Hoje se pode dizer que a construção de um Estado Palestino está em ponto zero. Há um acordo de reunificação entre Gaza e a Cisjordânia, mas Israel diz que não negocia com um governo nascido desse acordo por que o Hamas não reconhece o Estado de Israel. Mahmoud Abbas já afirmou que o novo governo o reconhecerá, mas Israel usa qualquer pretexto para não avançar nas negociações, que só podem desembocar no reconhecimento do Estado Palestino .

A nova ofensiva brutal contra a desprotegida Gaza revela, uma vez mais, a solidão dos palestinos. Não podem contar com ninguém que detenha Israel. Ninguém que se jogue contra os EUA, pela existência do Estado Palestino.

(Emir Sader)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

 

Dilma colheu o que não semeou, por Wanderley Guilherme dos Santos

Enviado por Webster Franklin
Da Carta Maior/ Do GGN
Dilma Rousseff colheu o que não semeou
A presidenta colheu precisamente os resultados do que não semeou: não promoveu a emergência de um sistema democrático de informação.
Wanderley Guilherme dos Santos
Aproveitando a vaia pornofônica que singularizou a participação dos reacionários e distraídos na abertura da Copa das Copas, a oposição saiu-se com o comentário de que a presidenta Dilma Roussef colheu o que semeou. Pensou que estava abafando. Não estava. Para além da falta de compostura e civilidade, a oposição errava outra vez no diagnóstico. A presidenta colheu precisamente os resultados do que não semeou: não promoveu a emergência de um sistema de informação democratizado.
A falta de pluralismo nos meios de comunicação não é ambição de esquerdas partidárias. Trata-se da prestação de um serviço privado, pago por consumidores, atualmente fraudados em suas aspirações de consumo. Ler um jornal, uma revista ou assistir ao noticiário da televisão faz parte da pauta de itens que a vida moderna põe, ou devia por, à disposição de quem os deseje usufruir. E os consumidores têm o direito de protestar. Assim como os passageiros urbanos reclamam da qualidade dos serviços pelos quais pagam, os leitores e espectadores insatisfeitos se julgam ludibriados pelos fornecedores da mercadoria que compram.
Os jornais, revistas e emissoras de televisão registraram com olhos complacentes os quebra-quebras aleatórios propulsionados pela carestia e falta de qualidade dos transportes em circulação. Não seria bom para a democracia, tal como não o eram os destemperos de violência, que os desgostosos com o pífio padrão do jornalismo, minorias como as de junho do ano passado ou maiorias como a queda de audiência e circulação atestam, empastelassem jornais ou ocupassem estações de televisão, exigindo participação e honestidade de gestão.

Durante o período que antecedeu a Copa das Copas e não somente em relação a ela, os meios de informação sonegaram centenas, milhares de notícias altamente relevantes para a vida dos leitores e espectadores. Mais do que isso, disseminaram incansavelmente uma visão de mundo incompatível com a realidade dos fatos. Era falso que os aeroportos, estádios, avenidas e metrôs não iriam ficar prontos. Era falso que os gramados não drenariam as chuvas, as comunicações não funcionariam, os holofotes não acenderiam. Era falso que os turistas seriam assaltados, que não haveria segurança, que conflitos gigantescos ofuscariam os jogos nos campos de futebol pela pancadaria generalizada nas arenas do lado de fora. Tudo falso. Moeda falsa. Produto estragado vendido a preço de luxo.

As trombetas da derrocada econômica, da inflação sem controle, do afinal bem vindo desemprego, são igualmente serviço fraudulento. Os leitores estão sendo diariamente lesados em sua boa fé, duplamente: não são informados do que ocorre efetivamente na sua cidade, no seu estado e no país, e são levados a acreditar que há um pesadelo à espreita assim que puserem os pés fora de casa. Quando não o vêem não é porque não exista, mas porque ainda não chegou a alguns lares: inflação, desemprego, falta de saúde e de educação; pior, falta de perspectiva.

A lição é terrível. Dela sabiam os tiranos da antiguidade, os tiranos da contemporaneidade os imitaram: um sistema articulado de falsidades pode produzir os delírios fantasistas ou as angústias aterradoras de uma droga, se absorvido por tempo suficiente. Uma imprensa oligopolizada é nada menos do que uma droga. Eficientíssima, capaz de produzir o pessimismo sem fundamento das análises econômicas, tanto quanto o desvario irracional das vaias pornofônicas. Ao se manter indiferente à péssima qualidade do serviço pago, inclusive com as bondades das concessões e outras benfeitorias, a presidenta Dilma Roussef colheu o que não semeou.

terça-feira, 1 de julho de 2014

 

CARTA PROGRAMÁTICA DA CHAPA ABDIAS DO NASCIMENTO PARA A DIREÇÃO EXECUTIVA DA ABPN – BIÊNIO 2014-2016





Colegas associadas e associados,


Gostaríamos de apresentar a CHAPA ABDIAS DO NASCIMENTO, nossa justificativa e programa de ação. Isto não seria possível sem antes discorrermos sobre as atividades desenvolvidas ao longo destes 02 (dois) anos de Gestão da Diretoria da ABPN (Biênio 2012-2014), focada em
tornar a associação um player na luta antirracista no Brasil e principal representante de pesquisadoras e pesquisadores negros do país1.
Para tanto, em um primeiro eixo, nos dedicamos na consolidação de uma estrutura de gestão, com a contratação de assistentes administrativos(as), webmaster, advogada, escritório de contabilidade e manutenção de uma equipe editorial. Tudo isto foi possível por meio de doações dos membros da Diretoria, do uso saldos financeiros do VII COPENE e da renovação do apoio da Fundação Ford.
A ABPN conseguiu lançar 5 edições de sua Revista quadrimestral durante o período de atuação desta diretoria e lançará outro número até o dia 30 de junho de 2014. Recebe constantemente inúmeros artigos de acordo com a temática de interesse das populações negras. Estes trabalhos são avaliados por pareceristas Ad Hoc, sob o sistema duplo cego. Tivemos ao todo, neste período (julho de  2012  a  fevereiro  de  2014),  a  publicação  de  69  artigos;  4  resenhas  e  3  conferências;  5



1 Gestão da Diretoria da ABPN - Biênio 2012/2014
Presidente: Paulino de Jesus Francisco Cardoso - UDESC
Primeira Vice-presidenta: Jurema Pinto Werneck - ONG CRIOLA/RJ
Segunda Vice-presidenta: Vanicléia Silva Santos - UFMG Primeiro Secretário: Roberto Carlos da Silva Borges - CEFET/RJ Segunda Secretária: Ana Lúcia Silva Souza - UFBA
Primeiro Tesoureiro: Nilo Rosa dos Santos - UEFS Segunda Tesoureira: Lúcia Regina Brito Pereira - Seduc/RS Coordenador-Norte: João Batista de Jesus Felix - UFTO Coordenador-Nordeste: Wilson Roberto de Mattos Coordenadora-Sul: Georgina Helena Lima Nunes- UFPel Coordenadora-Sudeste: Kassandra da Silva Muniz - UFOP
Coordenadora-Centro Oeste: Maria Lúcia Rodrigues Muller -UFMT

apresentações e 5 editoriais.  Contamos com a  colaboração  de 230 pareceristas.  A Revista está publicada em 4 idiomas.
Conforme orientação da Diretoria, ainda em 2012, realizamos um esforço de mobilização de nossos associados e associadas por meio da organização de congressos regionais de pesquisadores/as negros/as. Dos cinco encontros propostos, conseguimos realizar três: a) No Sul, coordenado pela professora Georgina Helena Lima Nunes (Representante da Regional Sul da ABPN); b) No Centro- Oeste, sob a responsabilidade da professora Maria Lucia Müller (representante da Regional Centro- Oeste da ABPN); c) No Nordeste, em parceira com a Associação Baiana de Pesquisadores Negros, coordenado pelo Prof. Nilo Rosa dos Santos e Prof. Wilson Mattos (representante da Regional Nordeste da ABPN). Estes eventos foram exitosos, contribuindo para dar visibilidade à produção acadêmica nas regiões, divulgar a ABPN e construir uma agenda de pesquisadores/as nestas regiões.
Um terceiro campo de intervenção na qual concentramos nossas ações foi o das Relações Institucionais. A diretoria da ABPN criou uma extensa agenda de diálogo com agências governamentais, SEPPIR, Fundação Palmares - MinC, , SECADI/MEC, IPEA, CAPES, Ministério da Saúde, INEP, UNFPA, UNESCO, MRE, entre outras, buscando de um lado contribuir na formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas de promoção de igualdade racial e de outro visando fortalecer o papel da Associação e dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, vinculados às instituições de ensino superior, como instrumentos de capilarização destas políticas.
Neste sentido, a presença da ABPN junto às agências de fomento a políticas sociais, de saúde e de educação, por exemplo, foi fundamental. Nossa atuação, em especial no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e na Comissão Assessora de Diversidade para Assuntos Relacionados à Educação dos Afro-Brasileiros (CADARA), foi estratégica para qualificar o debate público, compreender a complexidade dos temas e disseminar a importância  dos pesquisadores negros e das pesquisadoras negras nesta arena política. Assim, temos o desafio de ampliar nossa presença em outras áreas importantes de participação e controle social nos diferentes níveis de Governo.
Entendemos como fundamental a parceria com instituições acadêmicas e da sociedade civil, especialmente com organizações nacionais do Movimento Negro. Aproveitamos a oportunidade da realização da Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial - III CONAPIR, para abrir um diálogo fraterno com diferentes organizações nacionais do MN, como Movimento Negro Unificado,

União de Negros Pela Igualdade, Coordenação Nacional de Entidades Negras, INSPIR, APN’S e CONAQ. Processo que se iniciou em julho na preparação da Audiência com a Presidenta da República Dilma Roussef e com o Ministro da Educação Aloizio Mercadante. Esperamos até o VIII COPENE, a ser realizado de 29 de julho a 02 de agosto de 2014 em Belém do Pará, construir uma plataforma comum que permita avançar e dar efetividade às políticas antirracistas.
Salto qualitativo foi realizado no quadro das relações internacionais. Deixemos, com exceção da nossa parceria com WERA, de nos imaginar como recebedores(as) de recursos da cooperação internacional para entender nossa ação como parte do movimento do Estado e da sociedade brasileira na valorização do país, como nação relevante no cenário geopolítico. Nestes termos, compreendemos que o sucesso da luta pela promoção da igualdade e a consolidação da ABPN, passa pela construção de pontes com a diáspora africana nas Américas e com os países africanos, em especial com os países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste sentido, o diálogo com a Iniciativa das Universidades Historicamente Negras dos Estados Unidos (HBCUS), a criação do Fórum da Diáspora, além da participação no Programa Educação como Ponte Estratégica de Desenvolvimento Brásil-Africa do MEC, caminharam nesta direção.
Recentemente aprovamos o Novo Estatuto da Associação em Assembleia extraordinária ocorrida no dia 30 de maio de 2014 nas dependências da Pontifícia Universidade PUC-SP. A atualização do estatuto adequou-o ao Código Civil em vigência e permitiu agilizar os trâmites envolvendo o processo eleitoral, bem como tornar seu sistema de votação eletrônico. Oportunamente, atentamos nesta trajetória, para que o Estatuto ampare legalmente a transição de uma diretoria para outra evitando desgaste à associação.
Nestes últimos anos tornamos a ABPN uma articuladora importante na luta antirracista e, sem nos esquecer do foco nos interesses específicos de acadêmicos negros e de acadêmicas negras, procuramos influir de forma decisiva em todos os espaços de formulação e execução de políticas de promoção de igualdade.
No fim da Gestão da Diretoria da ABPN (Biênio 2012-2014), fortalecemos o VIII COPENE, que pretende ser espaço de diálogo entre pesquisadores/as negros/as e antirracistas de todas as áreas do conhecimento. Também concretizaremos duas publicações fundamentais sobre os NEABS e seus espaços de atuação e interlocução na luta antirracista, bem como o resultado das discussões desencadeadas durante a realização do II Seminário Virtual da ABPN.

Oportunamente, a ABPN lançará novo número de sua Revista, contando com um Dossiê sobre “Branquitude” composto por 13 (treze) artigos de pesquisadores/as especialistas na temática. Além disso, a Revista, em sua seção de artigos livres publicará 13 (treze) trabalhos de pesquisadores/as militantes antirracistas especialistas em temáticas de interesse das  populações negras no Brasil. Ambas as publicações serão apresentadas durante o VIII COPENE, entre os dias 28/07 e 02/08 na UFPA em Belém-PA. Durante este evento também acontecerão reuniões entre membros das diferentes áreas do conhecimento da ABPN, consolidando uma demanda de fortalecimento destas, bem como permitindo um espaço de diálogo e construção de propostas de atuação.
No momento atual, o lançamento do Edital do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento do MEC também tem pauta nas ações da ABPN, pois é fundamental o apoio da associação, em parceria com o CONNEABS, possibilitar aos NEABS do país todo consolidar ferramentas e possibilidades concretas de usufruir das oportunidades que o edital traz às populações negras, em especial para as áreas de formação acadêmica.
Por tudo isto, decidimos apresentar nossas propostas para a apreciação dos associados e associadas da ABPN, para o próximo Biênio (2014-2016). Propostas que ao mesmo tempo deem continuidade as ações iniciadas e positivas, mas que avancem no cumprimento de nossos objetivos como instituição.
Para tanto, entendemos que nossa atuação enquanto player no jogo democrático se foque nas seguintes dimensões:

a)      atuar em parceria com o Consórcio Nacional dos NEABS, de forma a consolidar os núcleos de estudos afro-brasileiros das instituições de ensino superior, como centros, focados na excelência acadêmica com compromisso com a causa da igualdade, por meio da ampliação de linhas de financiamento associada a capilarização das políticas de promoção da igualdade racial;
b)      consolidar as áreas acadêmicas da ABPN de modo a diversificar nosso campo de atuação, atualizando as agendas em sintonia com a multiplicidade de áreas de ação de pesquisadores negros e de pesquisadoras negras;

c)      ampliar, com o apoio das áreas acadêmicas, a presença da ABPN nos espaços federais de gestão de políticas públicas de interesse da população negra em nosso pais;
d)     estimular a nucleação de pesquisadoras negras e pesquisadores negros nas associações científicas brasileiras de modo a comprometê-las com as políticas de promoção de igualdade racial;
e)      acompanhar e promover atividades que contribuam para aprimorar e ampliar as políticas de ação afirmativa em nosso país, especialmente, aquelas voltadas ao enfrentamento da sub-representação de afro-brasileiros(as) na educação superior;
f)       fomentar a realização de parcerias estratégicas que levem a ampliação da presença de afro-brasileiros(as) na pós-graduação, estimulando a criação de linhas de pesquisa e programas de pós-graduação, em especial, em parceria com o CONNEABS, UNEB, entre outras, na criação do Curso de Mestrado Profissional Nacional em Estudos Étnico- raciais (PROFI- Étnico-raciais);
g)      estimular a celebração de acordos de cooperação com entidades internacionais congêneres que contribuam para fomentar o intercâmbio científico e a mobilidade acadêmica dos pesquisadores negros e negras;
h)      construir relações com investigadores(as) afrodescendentes na América Latina e Caribe, de modo a articular uma Federação Latino-Americana e Caribenha de Pesquisadores(as) Negros(as);
i)        contribuir, em parceria com organizações da sociedade civil, nacionais e internacionais, para organização do Fórum da Diáspora, mecanismo de representação política da Diáspora Africana, a ser reconhecido pela União Africana;
j)        fomentar parcerias com redes de pesquisadores(as) e instituições de ensino superior africanas, de modo estimular o intercâmbio e mobilidade internacional entre o Brasil e os países africanos;
k)      consolidar a autonomia financeira da ABPN, por meio da diversificação de fontes de recursos, entre elas a prestação de serviços, a filiação institucional e a criação de aplicativos para celular;

l)        organizar uma política de comunicação da ABPN, ampliando nossa presença nos meios de comunicação, nas redes sociais, promovendo a realização de um vídeo institucional da entidade e a funcionalidade do nosso site ( www.abpn.org.br );
m)    estimular a criação das secções estaduais da ABPN, nos termos previsto nos Estatutos;
n) apoiar a realização dos Congressos Brasileiro, Regionais e Estaduais de Pesquisadores Negros e Pesquisadoras Negras da ABPN.

Com estas, nos apresentamos como candidatos e candidatas para as eleições da Diretoria Executiva da ABPN Biênio 2014 2016.

Atenciosamente,
Paulino de Jesus Francisco Cardoso - Presidente Professor, doutor e mestre em História.
NEAB - Universidade Estadual de Santa Catarina - UDESC http://lattes.cnpq.br/9557204220334259

Wilma de Nazaré Baía Coelho - Secretária Executiva Professora, doutora em Educação e mestre em Gestão e Ensino Superior.
NEAB - Universidade Federal do Pará - UFPA http://lattes.cnpq.br/1035616337472088

Renísia Cristina Garcia Filice - Diretora de Áreas Acadêmicas Professora, doutora em Educação e mestre em História.
NEAB - Universidade de Brasília - UNB http://lattes.cnpq.br/4879162784374781

Wilson Roberto de Mattos - Diretor de Relações Institucionais Professor, pós-doutor, doutor e mestre em História.
NEAB - Universidade Estadual da Bahia - UNEB http://lattes.cnpq.br/9445015263911071

Sátira Pereira Machado - Diretora de Relações Internacionais Professora, doutora em Comunicação e mestre em Letras.
NEABI - Pontifícia Universidade Católica do RS - PUCRS http://lattes.cnpq.br/2940552424054556

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