Pepe Escobar. É a guerra: o verdadeiro moedor de carne começa agora. Comunidade Sakerlatam, 23 de março 2024.

 

É a guerra: o verdadeiro moedor de carne começa agora

Pepe Escobar – 23 de março de 2024

Ponto 1: Sexta-feira, 22 de março de 2024. É guerra. O Kremlin, por meio de Peskov, finalmente admite isso, de forma oficial.

A citação de ouro:

“A Rússia não pode permitir a existência em suas fronteiras de um Estado que tem a intenção documentada de usar quaisquer métodos para tirar a Crimeia dela, sem mencionar o território de novas regiões.”

Tradução: o vira-lata de Kiev, construído pelo Hegemon, está condenado, de uma forma ou de outra. O sinal do Kremlin: “Nós ainda nem começamos” começa agora.

Ponto 2: sexta-feira à tarde, algumas horas depois de Peskov. Confirmado por uma fonte europeia séria – não russa. O primeiro contrassinal.

Tropas regulares da França, Alemanha e Polônia chegaram, por via ferroviária e aérea, a Cherkassy, ao sul de Kiev. Uma força substancial. Nenhum número foi divulgado. Eles estão sendo alojados em escolas. Para todos os fins práticos, essa é uma força da OTAN.

Isso indica: “Que comecem os jogos”. Do ponto de vista russo, os cartões de visita do Sr. Khinzal serão muito procurados.

Ponto 3: sexta-feira à noite. Ataque terrorista em Crocus City, uma casa de concertos a noroeste de Moscou. Um comando altamente treinado atira em pessoas à vista, à queima-roupa, a sangue frio, e depois incendeia uma sala de concertos. O contrassinal definitivo: com o colapso do campo de batalha, tudo o que resta é o terrorismo em Moscou.

E no momento em que o terror atingia Moscou, os EUA e o Reino Unido, no sudoeste da Ásia, bombardeavam Sana’a, a capital do Iêmen, com pelo menos cinco ataques.

Uma coordenação engenhosa. O Iêmen acaba de fechar um acordo estratégico em Omã com a Rússia e a China para uma navegação sem problemas no Mar Vermelho e está entre os principais candidatos à expansão do BRICS+ na cúpula de Kazan em outubro próximo.

Além de os houthis estarem derrotando a talassocracia de forma espetacular, eles têm a parceria estratégica Rússia-China ao seu lado. Garantir à China e à Rússia que seus navios podem navegar pelo Bab-al-Mandeb, pelo Mar Vermelho e pelo Golfo de Áden sem problemas é uma troca com total apoio político de Pequim e Moscou.

Os patrocinadores permanecem os mesmos

Noite profunda em Moscou, antes do amanhecer do sábado, 23. Praticamente ninguém está dormindo. Os rumores dançam como dervixes em inúmeras telas. É claro que nada foi confirmado – ainda. Somente o FSB terá respostas. Uma grande investigação está em andamento.

O momento do massacre de Crocus é bastante intrigante. Em uma sexta-feira durante o Ramadã. Os verdadeiros muçulmanos nem pensariam em cometer um assassinato em massa de civis desarmados em uma ocasião tão sagrada. Compare isso com o cartão do ISIS que está sendo freneticamente marcado pelos suspeitos de sempre.

Vamos ao pop. Para citar o Talking Heads: “This ain’t no party/ this ain’t no disco/ this ain’t no fooling around”. Oh não; é mais como uma operação psicológica totalmente americana. O ISIS é uma caricatura de mercenários/bandidos. Não são muçulmanos de verdade. E todo mundo sabe quem os financia e os utiliza como armas.

Isso leva ao cenário mais possível, antes que o FSB entre em cena: capangas do ISIS importados do campo de batalha da Síria – no momento, provavelmente tadjiques – treinados pela CIA e pelo MI6, trabalhando em nome da SBU ucraniana. Várias testemunhas em Crocus se referiram a “Wahhabis” – como se os assassinos não parecessem eslavos.

Coube ao presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, ir direto ao ponto. Ele relacionou diretamente os “avisos” no início de março das embaixadas americanas e britânicas para que seus cidadãos não visitassem locais públicos em Moscou com informações privilegiadas da CIA/MI6 sobre possível terrorismo e que não foram divulgadas a Moscou.

A trama se complica quando se descobre que Crocus é propriedade dos Agalarovs: uma família bilionária azeri-russa, amiga íntima de…

… Donald Trump.

Trata-se de um alvo apontado pelo Deep State.

Cisão do ISIS ou banderistas – os patrocinadores continuam os mesmos. O secretário palhaço do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, foi burro o suficiente para confirmar virtualmente e indiretamente que eles fizeram isso, dizendo na TV ucraniana: “vamos dar a eles [russos] esse tipo de diversão com mais frequência”.

Mas coube a Sergei Goncharov, um veterano da unidade de elite antiterrorismo Alpha, chegar mais perto de desvendar o enigma: ele disse à Sputnik que o mentor mais provável é Kyrylo Budanov – o chefe da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia.

O “chefe de espionagem” que, por acaso, é o principal ativo da CIA em Kiev.

Tem que ir até o último ucraniano

Os três pontos acima complementam o que o presidente do comitê militar da OTAN, Rob Bauer, disse anteriormente em um fórum de segurança em Kiev: “Você precisa de mais do que apenas granadas – você precisa de pessoas para substituir os mortos e feridos. E isso significa mobilização”.

Tradução: A OTAN diz que esta é uma guerra até o último ucraniano.

E a “liderança” em Kiev ainda não entendeu isso. Ex-ministro da Infraestrutura Omelyan: “Se vencermos, pagaremos com petróleo, gás, diamantes e peles russas. Se perdermos, não se falará em dinheiro – o Ocidente pensará em como sobreviver”.

Paralelamente, o insignificante “jardim e selva” Borrell admitiu que seria “difícil” para a UE encontrar mais 50 bilhões de euros para Kiev se Washington puxar a tomada. O lider de moletom movido a cocaína realmente acredita que Washington não está “ajudando” na forma de empréstimos, mas na forma de presentes gratuitos. E o mesmo se aplica à UE.

O Teatro do Absurdo é inigualável. O chanceler alemão da salsicha de fígado realmente acredita que os rendimentos dos ativos russos roubados “não pertencem a ninguém”, portanto podem ser usados para financiar o armamento extra de Kiev.

Todo mundo que tem um cérebro sabe que usar os juros de ativos russos “congelados”, na verdade roubados, para armar a Ucrânia é um beco sem saída – a menos que eles roubem todos os ativos da Rússia, cerca de US$ 200 bilhões, a maioria estacionada na Bélgica e na Suíça: isso afundaria o euro de vez e toda a economia da UE.

É melhor que os eurocratas ouçam a chefe “perturbadora” (terminologia americana) do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina: O Banco da Rússia tomará “medidas apropriadas” se a UE fizer algo em relação aos ativos russos “congelados”/roubados.

Não é preciso dizer que os três pontos acima anulam completamente o circo “La Cage aux Folles” promovido pelo insignificante Petit Roi, agora conhecido em seus domínios franceses como Macronapoleão.

Praticamente todo o planeta, inclusive o Norte Global de língua inglesa, já estava zombando das “façanhas” de seu exército Can Can Moulin Rouge.

Portanto, soldados franceses, alemães e poloneses, como parte da OTAN, já estão no sul de Kiev. O cenário mais provavel é que eles ficarão muito, muito longe das linhas de frente – embora possam ser rastreados pelo Sr. Khinzal.

Mesmo antes de esse novo grupo da OTAN chegar ao sul de Kiev, a Polônia – que por acaso serve como principal corredor de trânsito para as tropas de Kiev – confirmou que as tropas ocidentais já estão no local.

Portanto, não se trata mais de mercenários. A França, a propósito, é apenas a 7ª colocada em termos de mercenários no terreno, ficando muito atrás da Polônia, dos EUA e da Geórgia, por exemplo. O Ministério da Defesa da Rússia tem todos os registros precisos.

Em resumo: agora a guerra se transformou de Donetsk, Avdeyevka e Belgorod para Moscou. Mais adiante, ela pode não parar apenas em Kiev. Ela pode parar apenas em Lviv. O Sr. 87%, que desfruta de uma quase unanimidade nacional maciça, agora tem o mandato para ir até o fim. Especialmente depois de Crocus.

É bem possível que as táticas de terror dos capangas de Kiev finalmente levem a Rússia a devolver à Ucrânia suas fronteiras originais sem litoral do século XVII: Privada do Mar Negro, e com a Polônia, a Romênia e a Hungria recuperando seus antigos territórios.

Os ucranianos remanescentes começarão a fazer perguntas sérias sobre o que os levou a lutar – literalmente até a morte – em nome do Estado Profundo dos EUA, do complexo militar e da BlackRock.

Do jeito que está, o moedor de carne da Highway to Hell [Estrada para o inferno – nota do tradutor] está fadado a atingir a velocidade máxima.


Fonte: https://strategic-culture.su/news/2024/03/23/its-war-real-meat-grinder-starts-now/

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